Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Governo cheio de medo

Assunção Esteves não permitiu que um representante dos capitães de Abril, acaso Vasco Lourenço, falasse no Parlamento, durante as comemorações dos 40 anos da Revolução. E acrescentou: "Se não quiserem estar presentes nas cerimónias, o problema é deles." Em duas penadas, a presidenta da Assembleia da República reduziu a subnitrato a imagem de simpatia que conquistara e arrogou-se o triste e subalterno papel de recoveira do Governo.
Os capitães de Abril irão falar cá fora, porventura nas escadarias do majestoso edifício, certamente vigiados e mantidos por cordões de polícias de choque e afins. No hemiciclo, ouvir-se-ão os discursos mais ou menos veementes dos partidos, e a habitual prosa fúnebre dita pelo dr. Cavaco, escrita por outro.
Reconheço que nesta ocasião autorizar a subida ao púlpito de um representante dos capitães é um risco perturbador. O País está de pantanas; este Governo desgraça-nos e ao nosso futuro; a população passa fome; os nossos miúdos vão para a escola em jejum; os suicídios aumentam; e a democracia das incertezas, habitada por uma dinâmica de divisão nacional, realiza o acelerado retrocesso civilizacional. O caos instalado criou múltiplas tensões latentes ou declaradas, e percebe-se que basta uma pequena faísca para se registar uma grande explosão.

Sem comentários:

Enviar um comentário