Às mulheres da minha cidade
basta um raio de sol para florirem.
Mesmo no Outono, como agora,
aparecem habitando de asas
as ruas por onde vão voando.
Como brilha o seu corpo!
A face, anúncio de alvorada,
é a luz de si mesmas e a minha;
os passos, o chão que pisam;
o cabelo, a aragem e logo o vento
que me leva também voando.
Ah! a lânguida colina do ventre
que baila baila caminhando baila
devagar a dança suave, as ondas do mar!
Olhos que são líquidos lagos por vogar,
rútila romã, a boca a todos dada
e a ninguém, que é só delas,
das mulheres da minha cidade
que salpicam de cores de pétala
as pupilas do desejo que prevalece.
Com as mulheres da minha cidade
a vida, sendo hoje, é sempre amanhã:
amadurecem nos seios o dom do tempo.
Que perpétuo o seu caminhar!
De tão longe lhe vem o ritmo e para
tão longe vai, cálido baloiço das ancas,
berço onde a respiração se detém,
esperando a noite de perfume a pasto
que não sei, ninguém sabe de quem será.
Sei que arderão algures
na Via Láctea. Mas sei também
que a sua boca me ateará o sangue,
que os dentes tão brancos me prenderão,
que as coxas se abrirão para que me contenham,
que pernas e pés me firmarão para que elas me possuam,
que unhas hão-de rasgar-me a pele para que de mim se levantem,
ah! que gemidos e gritos e choros te clamarão, ó noite, para que o sol expluda!
E em mim sejam, que eu o sou em tudo,
que tudo sinto, que tudo tenho, plenas de mundo,
certeza de vida - as mulheres da minha cidade!
Mesmo no Outono, como agora,
aparecem habitando de asas
as ruas por onde vão voando.
Como brilha o seu corpo!
A face, anúncio de alvorada,
é a luz de si mesmas e a minha;
os passos, o chão que pisam;
o cabelo, a aragem e logo o vento
que me leva também voando.
Ah! a lânguida colina do ventre
que baila baila caminhando baila
devagar a dança suave, as ondas do mar!
Olhos que são líquidos lagos por vogar,
rútila romã, a boca a todos dada
e a ninguém, que é só delas,
das mulheres da minha cidade
que salpicam de cores de pétala
as pupilas do desejo que prevalece.
Com as mulheres da minha cidade
a vida, sendo hoje, é sempre amanhã:
amadurecem nos seios o dom do tempo.
Que perpétuo o seu caminhar!
De tão longe lhe vem o ritmo e para
tão longe vai, cálido baloiço das ancas,
berço onde a respiração se detém,
esperando a noite de perfume a pasto
que não sei, ninguém sabe de quem será.
Sei que arderão algures
na Via Láctea. Mas sei também
que a sua boca me ateará o sangue,
que os dentes tão brancos me prenderão,
que as coxas se abrirão para que me contenham,
que pernas e pés me firmarão para que elas me possuam,
que unhas hão-de rasgar-me a pele para que de mim se levantem,
ah! que gemidos e gritos e choros te clamarão, ó noite, para que o sol expluda!
E em mim sejam, que eu o sou em tudo,
que tudo sinto, que tudo tenho, plenas de mundo,
certeza de vida - as mulheres da minha cidade!
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