Com a habitual voz flébil, António Guterres anunciou, pela Euronews, num inglês incomparável, que não era candidato a candidato às eleições presidenciais portuguesas. Acabou, sem hesitação, com o miasma do boato que ele próprio alimentara. Está- -lhe no sangue este tipo de indecisões e evasivas. Acrescentou que gosta muito do trabalho exercido, e ambiciona continuar a carreira internacional que o bafejou: as fofas funções de alto comissário da ONU para os refugiados, cuja natureza meio mundo desconhece, e ao outro meio é indiferente. Com perdão da palavra, Guterres não tem perfil para Belém. Deu provas suficientes de ser um espírito hesitante, temeroso, com escassa coragem para enfrentar contrariedades, as mais minguadas, e sempre predisposto a escapulir-se, sem pudor nem dignidade, como o fez quando se demitiu do Governo. Conheço o homem há anos, das conspirações no gabinete de Soares Louro, na Cinevoz. Confesso que simpatizava com a cortesia constantemente demonstrada, e com a força vocabular com que defendia padrões e convicções.
Sem comentários:
Enviar um comentário