Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve

quarta-feira, 1 de abril de 2015

O nosso infortúnio



Há uns domingos, assisti à parte final da liturgia religiosa em uma igreja dos arredores de Lisboa. Não sou frequentador, nem habitual nem ocasional, mas fui atraído por um grupo de raparigas negras, que cantava e dançava com vestes coloridas e movimentos cadenciados e muito belos. Pareciam as bailadeiras da Zavala a cujas danças assisti, há muitos anos, próximo de Maputo. Findos os ritos, uma senhora muito antiga aproximou-se do cónego que oficiava e, acaso um pouco desabrida, perguntou-lhe: "Porque nos aconteceu isto?" Isto era a circunstância em que vivíamos, a malfadada época da fome, do desemprego, da miséria rastejante, não, claro!, o lindíssimo espectáculo a que assistíramos. Nada do infortúnio era previsível, apesar de Pedro Passos Coelho ter advertido, logo no começo das suas funções, que iria promover o empobrecimento do País para o salvar da bancarrota. A mentira como biombo das intenções. Os atingidos não foram os Belmiro, os Amorim, os Salgado, os Ulrich, claro!, sim os mais débeis, os desafortunados, os que povoam o mundo do trabalho. Como é evidente. "Ai aguentam, aguentam!," para recuperar a frase canónica do tal Ulrich.

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