1- Bastava ter lido e ouvido os praticamente unânimes
elogios à composição do novo governo para se perceber uma ânsia de
normalização política. Não é que não existam legítimas dúvidas em
relação a escolhas para alguns ministérios. Mas, e não negando o
equilíbrio que me parece existir entre conhecimento das diversas áreas e
capacidade política do novo executivo, o aplauso às escolhas de António Costa indicam mais vontade de fechar o período de turbulência por que
passámos nos últimos meses do que propriamente a ideia de que estaremos
perante um governo à prova de bala. Marcelo Rebelo de Sousa - que mostra
a cada passo que será como Presidente o oposto absoluto de Cavaco Silva
- resumiu bem o sentimento: "Os portugueses estão fartos do clima de
crise e de brincar ao cai não cai do governo." Mesmo gente que embarcou
na história da ilegitimidade e da golpada se mostra disposta a dar o que
todos os governos formados à luz dos princípios democráticos devem
desfrutar no início dos seus mandatos: o benefício da dúvida.
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