Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Vá-se lá saber porquê?
Foi apresentado na AR o Orçamento Rectificativo que, ao que se sabe não rectifica nada; consta que o 2º já está na forja!
Menina, mulher amante
Menina, mulher amante,
com seus olhos brilhantes,
quero ter você por um instante,
e beber teu prazer constante...
Beijar o teu corpo gostoso,
lamber seu pescoço,
e ser grudento aos poucos...
Se te quero tanto assim,
nesta ilusão tão ruim,
é porque para mim,
és um castigo sem fim...
Na minha serra querida,
tu és a minha guia,
te quero nua de dia,
nem que seja por fantasia...
quero ter você por um instante,
e beber teu prazer constante...
Beijar o teu corpo gostoso,
lamber seu pescoço,
e ser grudento aos poucos...
Se te quero tanto assim,
nesta ilusão tão ruim,
é porque para mim,
és um castigo sem fim...
Na minha serra querida,
tu és a minha guia,
te quero nua de dia,
nem que seja por fantasia...
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Os anjos – I
Eles andam no ar
com as suas vestes
longas
as asas frementes
a baterem no tempo
Vêm
da infância
a rasar a memória
a voarem o vento
Ouvia os insectos,
deitada-rente
sobre a terra
e imaginava os anjos
debruçados no espaço
a beberem o sol
Uma por uma as pétalas
Os gomos
as citilantes escamas
mais pequenas
Uma por uma as penas
a formularem a nossa memória
das asas dos anjos
Tem a força estagnada
das paredes
a respirarem através da cal do útero
num arfar
lento
menstruação contida
Os pés vão nus,
a bordejarem o voo
a controlarem o
espaço
lemes do corpo
a fixarem
as asas:
crespas e acesas
nos ombros dos
anjos
São anjos
apenas
com o corpo dos homens
num corpo de mulher
e um ligeiro crepitar
de asas
na altura dos ombros
Tem uma conotação
sexual
de aventura
com a sua vagina
entreaberta
e o seu clitóris tumefacto
e tenso
à ponta dos dedos
Desviar os lábios
dos anjos
mas entreabrir-lhes também
as coxas
os sonhos – a mente
enquanto eles observam
Quando os anjos
flutuam
sobre as tréguas
naquele segundo
em que se ouve bater
o coração das pedras
Uma flor de
amparo,
o apoio de uma
asa
no voo raso às raízes do tempo
Até ao vácuo?
Os anjos são
os olhos
da cidade
Olhos de mulher,
que voa
Tem asas de cristal
e água
os anjos que à flor-do-dia
entornam a madrugada
cintilantes e volácteis
Eles voam com as suas asas
de prazer:
os anjos da fala
– dormindo na saliva da boca
Substituir os peixes alados
por anjos
Com as suas longínquas asas
a afagar os meus ombros
Queria saber
do destino dos anjos
quando voam
no mar
dos nossos olhos
No céu líquido
dos olhos
das mulheres
Diz-me
da poesia
através da palavra
dos anjos...
Aos olhos do tempo
a transgressão
das horas
pelo dentro das nervuras
das asas
pequenos capilares de vento
onde começa a vontade
de voar
num caminhar
sedento
Têm todos os anjos
o vício:
da queda?
longas
as asas frementes
a baterem no tempo
Vêm
da infância
a rasar a memória
a voarem o vento
Ouvia os insectos,
deitada-rente
sobre a terra
e imaginava os anjos
debruçados no espaço
a beberem o sol
Uma por uma as pétalas
Os gomos
as citilantes escamas
mais pequenas
Uma por uma as penas
a formularem a nossa memória
das asas dos anjos
Tem a força estagnada
das paredes
a respirarem através da cal do útero
num arfar
lento
menstruação contida
Os pés vão nus,
a bordejarem o voo
a controlarem o
espaço
lemes do corpo
a fixarem
as asas:
crespas e acesas
nos ombros dos
anjos
São anjos
apenas
com o corpo dos homens
num corpo de mulher
e um ligeiro crepitar
de asas
na altura dos ombros
Tem uma conotação
sexual
de aventura
com a sua vagina
entreaberta
e o seu clitóris tumefacto
e tenso
à ponta dos dedos
Desviar os lábios
dos anjos
mas entreabrir-lhes também
as coxas
os sonhos – a mente
enquanto eles observam
Quando os anjos
flutuam
sobre as tréguas
naquele segundo
em que se ouve bater
o coração das pedras
Uma flor de
amparo,
o apoio de uma
asa
no voo raso às raízes do tempo
Até ao vácuo?
Os anjos são
os olhos
da cidade
Olhos de mulher,
que voa
Tem asas de cristal
e água
os anjos que à flor-do-dia
entornam a madrugada
cintilantes e volácteis
Eles voam com as suas asas
de prazer:
os anjos da fala
– dormindo na saliva da boca
Substituir os peixes alados
por anjos
Com as suas longínquas asas
a afagar os meus ombros
Queria saber
do destino dos anjos
quando voam
no mar
dos nossos olhos
No céu líquido
dos olhos
das mulheres
Diz-me
da poesia
através da palavra
dos anjos...
Aos olhos do tempo
a transgressão
das horas
pelo dentro das nervuras
das asas
pequenos capilares de vento
onde começa a vontade
de voar
num caminhar
sedento
Têm todos os anjos
o vício:
da queda?
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Anjos do Apocalipse – II
Este é o anjo do apocalipse
com a sua espada
filva
funda
Embainhada na nossa
vagina
Ei-lo que rompe
o espaço
com a espada
com o esperma
Anjo da justiça
com o seu pénis
Caminham com estandartes
Com espadas e paixão
Numa erecção calada
São os anjos do ódio
com a sua raiva
alada
Vestem o corpo
com o brilho das armaduras
e do vidro
e só depois voam...
Os arcanjos do sonho
com as suas asas
nocturnas de veludo
São os arcanjos
do sonho
Usando comigo
a sua espada
de aço
filva
funda
Embainhada na nossa
vagina
Ei-lo que rompe
o espaço
com a espada
com o esperma
Anjo da justiça
com o seu pénis
Caminham com estandartes
Com espadas e paixão
Numa erecção calada
São os anjos do ódio
com a sua raiva
alada
Vestem o corpo
com o brilho das armaduras
e do vidro
e só depois voam...
Os arcanjos do sonho
com as suas asas
nocturnas de veludo
São os arcanjos
do sonho
Usando comigo
a sua espada
de aço
terça-feira, 28 de maio de 2013
Anjos do amor – III
(à minha mãe)
Vens de um sonho
tomado
da infância
quando comigo deitada nos lençois
me abraçavas
E o orgasmo te transformava as asas
Que domínio
tenho
dos teus braços?
meu amor,
ao voares sobre o que eu faço
com teu corpo de cetim
nadando em nosso abraço?
Tu voas,
como as bruxas
e os anjos
Como os rios
por dentro das nuvens
e da vagina
És o anjo
tu
das minhas asas
sobre os seios...
Suposto é de ti
que tu tens asas
luzentes:
a tremerem-te
na fala
As laminas
de metal
das tuas asas?
A lembrar o sol
a bater
nas penas dos pássaros
Tu,
és o anjo negro
da boca...
do meu corpo
segunda-feira, 27 de maio de 2013
La Bienal de Venecia quiere volver a ser el epicentro del arte
Cada dos años se mueve el tren de la Bienal de Venecia. Entonces, museos, galerías y fundaciones se trepan a los vagones para asistir a uno de los encuentros artísticos más importantes del mundo. Esta edición en particular, quizás será recorda por la cantidad de vagones que han cambiado el binario para transportar la vieja urbe al epicentro del arte.
Bienales hay muchas. Son más de 100 regadas por el globo. La veneciana, nace en 1895. Pese a las críticas de años pasados sigue siendo la Bienal, el punto de referencia del arte contemporáneo. Bajo el título Palacio Enciclopédico, reúne desde el 1 de junio y hasta el 24 de noviembre 150 artistas, distribuidos en las sedes tradicionales, el Arsenal y los Jardines, además de otros 36 espacios dispersos alrededor de este archipiélago con forma de pez, que es Venecia. Las insttituciones culturales aborígenes no quieren peder el tren; han programado en el mismo periodo otras 50 propuestas de alta calidad y rigor científico. Hasta el Museo de Ciencias Naturales tiene la suya.
Os anjos do corpo – IV
Meu infatigavel
anjo,
da guarda de meu corpo
São os anjos quem
guardam
os orgasmos
Pastores
Dos rebanhos
– dos ardores
Dos odores do corpo
Hei-de confessar-te
um dia
o meu desejo:
um anjo
que me acaricie devagar o clitóris
as pernas entreabertas
ao meu beijo
Quantas vezes te digo
que te dispo
e depois te lambo
primeiros as asas
e o pénis
e em seguida: o ânus
E o anjo
debaixo
ficou a acariciar o pénis
do anjo que voava
por cima
de manso procurando
o fundo
da vagina
Sou eu que te transformo
de prazer
em anjo do orgasmo
infatigável
suco
da língua
Naquilo que te faço
Com o teu clitóris
de ouro,
és o anjo
mamilos à flor da pele
que tapas com as asas
Os anjos descobrem
a vulva
no mesmo instante
em que sabem
do pénis:
com
as pernas ligeiramente
abertas
e desviando as asas
Despir os anjos
um por um
passando-lhes a língua...
lentamente,
pelo sal do pénis
Sorvendo-lhes em seguida
os sucos da vagina
Penteio com os dedos
os cabelos
deste arcanjo
respirando baixo
o interior macio
das suas pernas
o púbis
deste anjo
O sabor do esperma
dos anjos que imaginam
a-mar
as águas
uterinas
Lambe-me devagar
o céu da boca
como se a voasses
É um púbis de anjo
com pequenas asas
sob:
sobre a doce matiz
matriz
do clitóris
Viro-te anjo
debaixo do meu corpo
cubro-te:
voando – vogando
pelo nada
o teu pénis
direito
no meu púbis
e mais abaixo
a tua vagina alada
Adormeço de ventre
em tuas
asas
deitada ao comprido
no espaço
das tuas pernas
pernas
Cisterna
posta à beira
da sede dos teus braços
Primeiro roço-te
as asas
suspensas pelos teus ombros
imaginando apenas
aquilo que depois
mergulho
e faço:
Traz o anjo
o arrepio
ao corpo todo
um aperto nos
seios
e na vagina
Uma febre incerta
que vagueia
nas asas, nas coxas
e nas veias
Tinha um corpo de
lua
pelo lado da cor e do frio
em desiquilibrio no fio da faca
do orgasmo
O teu corpo,
neste envolvimento
de voo
e de vulva
Meu amor que mergulhas
de vertigem:
Anjo expectante
da vagina
A mistura de mim
com o teu corpo
asas pequenas que estremecem
debaixo do desejo
Não tens noção
de quanto é corpo o corpo
nem desejo
Anjo
Voando sobre
o que é baixo
Sob
Voando sob
o que é por baixo
Tocar-te apenas com
a língua
a cabeça do pénis
como se devagar
lambesse
o meu clitóris
até sentir o orgasmo
trepar-me pelas pernas
Bebem os anjos
a saliva
dos anjos
Pela taça
– exposta –
da vagina
São rarissimas as
asas
que não partem dos seios
a florir nos
ombros
Como um manso púbis
com os seios veios
de sombra
Quando
o clitóris toca
o clitóris dos anjos...
Lambe-me as asas
– disse o anjo
ao anjo mais perto...
dos seus pulsos
domingo, 26 de maio de 2013
Vá-se lá saber porquê?
O circo hoje vai estar montado no Jamor e, parece que o palhaço rico vai lá estar!
Anjos da memória – V
Os anjos alados
da memória
com as suas asas
de pérgula
e medronho
a voarem noite dentro,
pelo sonho
Serás de branco
despojada de tudo
à cabeceira
por detrás do meu ombro
anjo mudo
Serás de branco
despojada de tudo,
asas supostas
de ti
à minha beira
O pássaro cintilante
da tua nudez
(uma matriz calada)
Da tua nudez
Com os teus seios
de anjo
sob as asas
A tomares conta
da memória
És um passaro – digo
És um pássaro
com penas
cintilantes
dos teus olhos
As tuas asas
de pétalas
tecidas com a luz
das penas
das asas que te crescem
Poisar um pouco
nos parapeitos
da memória
antes de recomeçar
o voo
de regresso a casa
Com as nossas asas
lúcidas:
translúcidas e pálidas
Deixa-me voar
por cima do teu
colo
até ir poisar
na tua alma
É a memória,
dos teus dedos pisados
nas asas dos meus ombros
Entrelaçados
Enlaçados
Como entranças
os sonhos
As tuas asas de prata
que atravessam a voar
o território
brando
das minhas lágrimas
Este
é o inconsciente
dos teus olhos
de águas postas – de águas sobrepostas
– rente
à meiga – à mansíssima
racha
do teu ventre
Em voo raso
perto da sua boca:
A ouvir a memória...
Há um ruido de
asas
que te é próximo
um odor a flor,
a framboeza
um sabor a leite
e a morango
numa uterina luz de penumbra acesa
Um pouco acima
dos teus olhos,
como um pássaro
a voar por dentro,
bem por dentro
do interior dos lábios...
do corpo
A parte que é
anjo
do teu corpo
e me procura a meio
da madrugada
Sobrevoando o lago
que é suposto
ser no meu sono
aquilo que calava
A parte que é
anjo
do teu corpo
e me visita
a meio da madrugada
descansando as asas
dos teus ombros,
a meu lado:
em cima da almofada
Voava,
com a memória
das asas
no sentido inverso
do silêncio
e do sono
Oiço atrás de mim,
o breve respirar
das tuas asas
– quase imperceptível –
Um ligeiro arfar
Como a brisa a passar
por entre as casas
com as suas asas
de pérgula
e medronho
a voarem noite dentro,
pelo sonho
Serás de branco
despojada de tudo
à cabeceira
por detrás do meu ombro
anjo mudo
Serás de branco
despojada de tudo,
asas supostas
de ti
à minha beira
O pássaro cintilante
da tua nudez
(uma matriz calada)
Da tua nudez
Com os teus seios
de anjo
sob as asas
A tomares conta
da memória
És um passaro – digo
És um pássaro
com penas
cintilantes
dos teus olhos
As tuas asas
de pétalas
tecidas com a luz
das penas
das asas que te crescem
Poisar um pouco
nos parapeitos
da memória
antes de recomeçar
o voo
de regresso a casa
Com as nossas asas
lúcidas:
translúcidas e pálidas
Deixa-me voar
por cima do teu
colo
até ir poisar
na tua alma
É a memória,
dos teus dedos pisados
nas asas dos meus ombros
Entrelaçados
Enlaçados
Como entranças
os sonhos
As tuas asas de prata
que atravessam a voar
o território
brando
das minhas lágrimas
Este
é o inconsciente
dos teus olhos
de águas postas – de águas sobrepostas
– rente
à meiga – à mansíssima
racha
do teu ventre
Em voo raso
perto da sua boca:
A ouvir a memória...
Há um ruido de
asas
que te é próximo
um odor a flor,
a framboeza
um sabor a leite
e a morango
numa uterina luz de penumbra acesa
Um pouco acima
dos teus olhos,
como um pássaro
a voar por dentro,
bem por dentro
do interior dos lábios...
do corpo
A parte que é
anjo
do teu corpo
e me procura a meio
da madrugada
Sobrevoando o lago
que é suposto
ser no meu sono
aquilo que calava
A parte que é
anjo
do teu corpo
e me visita
a meio da madrugada
descansando as asas
dos teus ombros,
a meu lado:
em cima da almofada
Voava,
com a memória
das asas
no sentido inverso
do silêncio
e do sono
Oiço atrás de mim,
o breve respirar
das tuas asas
– quase imperceptível –
Um ligeiro arfar
Como a brisa a passar
por entre as casas
sábado, 25 de maio de 2013
sexta-feira, 24 de maio de 2013
ONDE ESTÁ O PALHAÇO?
Patética aquela figura de palhaço!
Um misto de tristeza, alegria e de atrapalhado,
Ali estava com cabelos palha de aço
Que completava um boneco desengonçado
Da platéia vinha aplauso e gargalhadas
Adultos, crianças todos querendo mais,
Era sucesso absoluto a palhaçada
Não havia diferença na platéia eram todos iguais.
Esta é uma lembrança que me vem da minha infância,
E me pergunto, onde está o palhaço?
O tempo está tão longe assim, a que distância,
Está o boneco desengonçado e cabelos de palha de aço?
Não tem mais graça o circo do subúrbio, da roça.
Tudo hoje é diferente da gostosa palhaçada
O importante agora é o automóvel e não a carroça
E a televisão, entretimento de adultos e criançada.
Que saudade que tenho do tempo da minha infância,
Comer pipoca, algodão doce e do sorvete artesanal que se fazia.
Para os que não conheceram, não tem a mínima importância,
Mas os que neste tempo viveram sofrem de nostalgia.
A velocidade do progresso cada dia mais aumenta
O novo de ontem é o velho de hoje, tudo é descartável,
Mas eu sou teimoso desafio o progresso, já passei dos oitenta,
E tenho saudade da apresentação do espetáculo que dizia. Respeitável...
Um misto de tristeza, alegria e de atrapalhado,
Ali estava com cabelos palha de aço
Que completava um boneco desengonçado
Da platéia vinha aplauso e gargalhadas
Adultos, crianças todos querendo mais,
Era sucesso absoluto a palhaçada
Não havia diferença na platéia eram todos iguais.
Esta é uma lembrança que me vem da minha infância,
E me pergunto, onde está o palhaço?
O tempo está tão longe assim, a que distância,
Está o boneco desengonçado e cabelos de palha de aço?
Não tem mais graça o circo do subúrbio, da roça.
Tudo hoje é diferente da gostosa palhaçada
O importante agora é o automóvel e não a carroça
E a televisão, entretimento de adultos e criançada.
Que saudade que tenho do tempo da minha infância,
Comer pipoca, algodão doce e do sorvete artesanal que se fazia.
Para os que não conheceram, não tem a mínima importância,
Mas os que neste tempo viveram sofrem de nostalgia.
O novo de ontem é o velho de hoje, tudo é descartável,
Mas eu sou teimoso desafio o progresso, já passei dos oitenta,
E tenho saudade da apresentação do espetáculo que dizia. Respeitável...
Anjos mulheres – VI
As mulheres voam
como os anjos:
Com as suas asas feitas
de cristal de rocha da memória
Disponíveis
para voar
soltas...
Primeiro
lentamente: uma por uma
Depois,
iguais aos passaros
fundas...
Nadando,
juntas
Secreta: a rasar o
chão
a rasar a fenda
da lua
no menstruo:
por entre a fenda das pernas
Às vezes é o aço
que se prende
na luz
A dobrarmos o espaço?
Bruxas:
pomos asas em vassouras
de vento
E voamos
Como as asas
lhe cresciam nas coxas
diziam dela:
que era um anjo do mar
Rondo alto,
postas em nudez de ombros
e pernas
perseguindo,
pelos espaços,
lunares
da menstruação
e corpo desavindo
Não somos violencia
mas o voo
quando nadamos
de costas pelo vento
até à foz do tempo
no oceano denso
da nossa própria voz
Sabemos distinguir
a dormir
os anjos das rosas voadoras
pelo tacto?
Somos os anjos
do destino
com a alma
pelo avesso
do útero
Voamos a lua
menstruadas
Os homens gritam:
– são as bruxas
As mulheres pensam:
– são os anjos
As crianças dizem:
– são as fadas
Fadas?
filigrama cintilante
de asas volteando
no fundo da vagina
Nadamos?
De costas,
no espaço deste século
Mudar o rumo
e as pernas mais ao
fundo
portas por trás
dobradas pelos rins
Abrindo o ar
com o corpo num só golpe
Soltas,
viando
até chegar ao fim
Dizem-nos:
que nos limitemos ao espaço
Mas nós voamos
também
debaixo de água
Nós somos os anjos
deste tempo
Astronautas,
voando na memória
nas galáxias do vento...
Temos um pacto
com aquilo que
voa
– as aves
da poesia
– os anjos
do sexo
– o orgasmo
dos sonhos
Não há nada
que a nossa voz não abra
Nós somos as bruxas da palavra
Com as suas asas feitas
de cristal de rocha da memória
Disponíveis
para voar
soltas...
Primeiro
lentamente: uma por uma
Depois,
iguais aos passaros
fundas...
Nadando,
juntas
Secreta: a rasar o
chão
a rasar a fenda
da lua
no menstruo:
por entre a fenda das pernas
Às vezes é o aço
que se prende
na luz
A dobrarmos o espaço?
Bruxas:
pomos asas em vassouras
de vento
E voamos
Como as asas
lhe cresciam nas coxas
diziam dela:
que era um anjo do mar
Rondo alto,
postas em nudez de ombros
e pernas
perseguindo,
pelos espaços,
lunares
da menstruação
e corpo desavindo
Não somos violencia
mas o voo
quando nadamos
de costas pelo vento
até à foz do tempo
no oceano denso
da nossa própria voz
Sabemos distinguir
a dormir
os anjos das rosas voadoras
pelo tacto?
Somos os anjos
do destino
com a alma
pelo avesso
do útero
Voamos a lua
menstruadas
Os homens gritam:
– são as bruxas
As mulheres pensam:
– são os anjos
As crianças dizem:
– são as fadas
Fadas?
filigrama cintilante
de asas volteando
no fundo da vagina
Nadamos?
De costas,
no espaço deste século
Mudar o rumo
e as pernas mais ao
fundo
portas por trás
dobradas pelos rins
Abrindo o ar
com o corpo num só golpe
Soltas,
viando
até chegar ao fim
Dizem-nos:
que nos limitemos ao espaço
Mas nós voamos
também
debaixo de água
Nós somos os anjos
deste tempo
Astronautas,
voando na memória
nas galáxias do vento...
Temos um pacto
com aquilo que
voa
– as aves
da poesia
– os anjos
do sexo
– o orgasmo
dos sonhos
Não há nada
que a nossa voz não abra
Nós somos as bruxas da palavra
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Contrações
Abre e fecha
flechas de desejos
flashs instantâneos
quando penso em ti...
Pulsa o pulso
pulsa a flor que arde
curtas contrações
longos arrepios...
Abre e fecha
sangue bombeando
vida latejando
rega esse navio...
Pulsam bicos
seios bolinados
duros, retesados
querendo implodir...
Flor-de-cheiro
doce à la pom-pom
molha tua boca
sente quanto é bom...
Abre e fecha
pulsa e repuxa
flor-da-contração
arde de tesão
abre minhas coxas
rompe tuas forças
seca minhas poças
e deglutes
todas as flores roxas
que um dia
desabrochaste...
flashs instantâneos
quando penso em ti...
Pulsa o pulso
pulsa a flor que arde
curtas contrações
longos arrepios...
Abre e fecha
sangue bombeando
vida latejando
rega esse navio...
Pulsam bicos
seios bolinados
duros, retesados
querendo implodir...
Flor-de-cheiro
doce à la pom-pom
molha tua boca
sente quanto é bom...
Abre e fecha
pulsa e repuxa
flor-da-contração
arde de tesão
abre minhas coxas
rompe tuas forças
seca minhas poças
e deglutes
todas as flores roxas
que um dia
desabrochaste...
La fotógrafa estadounidense Annie Leibovitz, Príncipe de Asturias de Comunicación y Humanidades
La fotógrafa estadounidense Annie Leibovitz (Connecticut, 1949), quien consiguió que John Lennon apareciera desnudo, en posición fetal junto a Yoko Ono, horas antes de ser asesinado, ha ganado hoy el premio Príncipe de Asturias de Comunicación y Humanidades. Considerada como la fotógrafa viva más importante del momento y la mejor pagada, a lo largo de su carrera ha retratado a mitos como Mick Jagger, Michael Jackson, Bob Dylan o Bruce Springsteen, para los que realizó algunas de sus portadas más emblemáticas.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
O Insecto
Das tuas ancas aos teus pés |
quero fazer uma longa viagem.
Sou mais pequeno que um insecto.
Percorro estas colinas,
são da cor da aveia,
têm trilhos estreitos
que só eu conheço,
centimetros queimados,
pálidas perspectivas.
Há aqui um monte.
Nunca dele sairei.
Oh que musgo gigante!
E uma cratera, uma rosa
de fogo humedecido!
Pelas tuas pernas desço
tecendo uma espiral
ou adormecendo na viagem
e alcanço os teus joelhos
duma dureza redonda
como os ásperos cumes
dum claro continente.
Para teus pés resvalo
para as oito aberturas
dos teus dedos agudos,
lentos, peninsulares,
e deles para o vazio
do lençol branco
caio, procurando cego
e faminto teu contorno
de vaso escaldante!
terça-feira, 21 de maio de 2013
Michelangelo voltou a Ubeda
Todo mundo na cidade de Úbedaha jiennense ouvido falar dele, mas quase ninguém viu. A escultura do século XV de San Juanito ou San Juan Bautista Criança, atribuído a Michelangelo, quebrado terminou em agosto de 1936, durante uma ação iconoclasta que varreu várias obras altar da Capela de El Salvador (garagem convertida) . Entre eles, a escultura de mármore e retábulo de madeira criado por Alonso Berruguete que retém apenas a figura de Cristo.Mais de 77 anos depois, a famosa representação do santo está prestes a entrar para a vida, depois de um complexo sistema de restauração realizados na Itália. Depois de suaressurreição, voltar para a cidade renascentista de Ubeda ( Património Mundial desde 2003, juntamente com o Baeza nas proximidades ). O lugar onde todo mundo deu perdido para sempre.
Ninguém vai saber
Ninguém vai saber
Do meu segredo.
Tenho um amante
Belo como Deus
E todo nu
Aqui deitado ao meu lado!
Seus beijos são azuis
E a sua voz vermelha como o lume!
Tenho um amante só meu
E ninguém vai saber,
Ninguém mo vai roubar,
Porque ele é meu, só meu:
É feito de poemas e de fumo...
Tenho um amante
Belo como Deus
E todo nu
Aqui deitado ao meu lado!
Seus beijos são azuis
E a sua voz vermelha como o lume!
Tenho um amante só meu
E ninguém vai saber,
Ninguém mo vai roubar,
Porque ele é meu, só meu:
É feito de poemas e de fumo...
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Livro do Desassossego
A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes.
O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.
O uso das palavras obscenas
Desmedido eu que vivo com medida
Amigos, deixai-me que vos explique
Com grosseiras palavras vos fustigue
Como se aos milhares fossem nesta vida!
Há palavras que a foder dão euforia:
Para o fodidor, foda é palavra louca
E se a palavra traz sempre na boca
Qualquer colchão furado o alivia.
O puro fodilhão é de enforcar!
Se ela o der até se esvaziar: bem.
Maré não lava o que a arvore retém!
Só não façam lavagem ao juizo!
Do homem a arte é: foder e pensar.
(Mas o luxo do homem é: o riso).
Com grosseiras palavras vos fustigue
Como se aos milhares fossem nesta vida!
Há palavras que a foder dão euforia:
Para o fodidor, foda é palavra louca
E se a palavra traz sempre na boca
Qualquer colchão furado o alivia.
O puro fodilhão é de enforcar!
Se ela o der até se esvaziar: bem.
Maré não lava o que a arvore retém!
Só não façam lavagem ao juizo!
Do homem a arte é: foder e pensar.
(Mas o luxo do homem é: o riso).
domingo, 19 de maio de 2013
El tesoro ‘porno’ de Jorge Oteiza
En 1958, Jorge Oteiza se despidió de la escultura. Desde su punto de vista, el proceso creativo en el que había puesto el empeño de toda una vida —la desocupación del espacio— había concluido. Para qué seguir.
Dejó al mundo un colosal legado en obras de arte de madera, hierro y piedra que bebía por igual de las fuentes constructivistas que de las profundas raíces de la cultura vasca. El legado de uno de los grandes de la escultura mundial del siglo XX.
Modos de amar
Modo de amar – I
Lambe-me as seios
desmancha-me a loucura
usa-me as coxas
devasta-me o umbigo
abre-me as pernas
põe-nas nos teus ombros
e lentamente faz o que te digo:
Modo de amar – II
Por-me-ás de borco,
assim inclinada...
a nuca a descoberto,
o corpo em movimento...
a testa a tocar
a almofada,
que os cabelos afloram,
tempo a tempo...
Por-me-ás de borco;
Digo:
ajoelhada...
as pernas longas
firmadas no lençol...
e não há nada, meu amor,
já nada, que não façamos como quem consome...
(Por-me-ás de borco,
assim inclinada...
os meus seios pendentes
nas tuas mãos fechadas.)
Modo de amar – III
É bom nadar assim
em cima do teu corpo
enquanto tu mergulhas já dentro do meu
Ambos piscinas que a nado atravessamos
de costas tu meu amor
de bruços eu
Modo de amar – IV
Encostada de costas
ao teu peito
em leque as pernas
abertas
o ventre inclinado
ambos de pé
formando lentos gestos
as sombras brandas
tombadas no soalho
Modo de amar – V
Docemente amor
ainda docemente
o tacto é pouco
e curvo sob os lábios
e se um anel no corpo
é saliente
digamos que é da pedra
em que se rasga
Opala enorme
e morna
tão fremente
dália suposta
sob o calor da carne
lábios cedidos
de pétalas dormentes
Louca ametista
com odores de tarde
Avidamente amor
com desespero e calma
as mãos subindo
pela cintura dada
aos dedos puros
numa aridez de praia
que a curvam loucos até ao chão da sala
Ferozmente amor
com torpidez e raiva
as ancas descendo como cabras
tão estreitas e duras
que desarmam
a tepidez das minhas
que se abrem
E logo os ombros
descaem
e os cabelos
desfalecem as coxas que retomam
das tuas
o pecado
e o vencê-lo
em cada movimento em que se domam
Suavemente amor
agora velozmente
os rins suspensos
os pulsos
e as espáduas
o ventre erecto
enquanto vai crescendo
planta viva entre as minhas nádegas
Modo de amar – Vl
Inclina os ombros
e deixa
que as minhas mãos avancem
na branda madeira
Na densa madeixa do teu ventre
Deixa
que te entreabra as pernas
docemente
Modo de amar – VII
Secreto o nó na curva
do meu espasmo
E o cume mais claro
dos joelhos
que desdobrados jorram dos espelhos
ou dos teus ombros os meus:
flancos
na luz de maio
Modo de amar – VIII
Que macias as pernas
na penumbra
e as ancas
subidas
nos dedos que as desviam
Entreabro devagar
a fenda – o fundo
a febre
dos meus lábios
e a tua língua
Vagarosa:
toma – morde
lambe
essa humidade esguia
Modo de amar – IX
Enlaçam as pernas
as pernas
e as ancas
o ar estagnado
que se estende
no quarto
As pernas que se deitam
ao comprido
sob as pernas
E sobre as pernas vencem o gemido
Flor nascida no vagar do quarto
Modo de amar – X
A praia da memória
a sulcos feita
a partir da cintura:
a boca
os ombros
na tua mansa língua que caminha
a abrir-me devagar
a pouco e pouco
Globo onde a sede
se eterniza
Piscina onde o tempo se desmancha
a anca repousada
que inclinas
as pernas retezadas que levantas
E logo
são os dentes que limitam
mas logo
estão os labios que adormentam
no quente retomar de uma saliva
que me penetra em vácuo
até ao ventre
o vínculo do vento
a vastidão do tempo
o vício dos dedos
no cabelo
E o rigor dos corpos
que já esquece
na mais lenta maneira de vencê-los
Modo de amar – XI
((Teu) Baixo ventre)
Nunca adormece a boca no
teu peito
a minha boca no teu baixo
ventre
a beber devagar o que é
desfeito
Modo de amar – XII
(Os testiculos)
Tenho nas mãos
teus testiculos
e a boca já tão perto
que deles te sinto
o vício
num gosto de vinho aberto
Modo de amar – XIII
(As pedras – As pernas)
São as pedras
meus seios
São as pernas
pele e brandura
no interior dos
lábios
rosa de leite
que sobe devagar
na doce pedra
do muco dos meus lábios
São as pedras
meus seios
São as pernas
Pêssegos nus corpo
descascados
Saliva acesa
que a língua vai cedendo
o gozo em cima...
na pedra dos meus
lábios
Jogo do corpo
a roçar o tempo
que já passado só se de memória,
a mão dolente
como quem masturba entre os joelhos...
uma longa história...
Estrada ocupada
onde se vislumbra
(joelhos desviados na almofada )
assim aberta o fim de que desfruta
o fruto do odor
o fundo todo
do corpo já fechado.
Modo de amar – XIV
(As rosas nos joelhos)
São grinaldas de rosas
à roda
dos joelhos
O âmbar dos teus dentes
nos sentidos
O templo da boca
no côncavo do espelho
onde o meu corpo espia
os teus gemidos
É o gomo depois...
e em seguida a polpa...
o penetrar do dedo...
O punho do punhal
que na carne enterras
docemente
como quem adormenta
o que é fatal
É a urze debaixo
e o fogo que acalenta
o peixe
que desliza no umbigo
piscina funda
na boca mais sedenta bordada a cuspo
na pele do umbigo
E se desdigo a febre
dos teus olhos
logo me entrego à febre
do teu ventre
que vai vencendo
as rosas – os escolhos
à roda dos joelhos, docemente.
Modo de amar – XV
(A boca – A rosa)
Entreabre-se a boca
na saliva da rosa
no raso da fenda
na fissura das pernas
Entreabre-se a rosa
na boca que descerra
no topo do corpo
a rosa entreaberta
E prolonga-se a haste
a língua na fissura
na boca da rosa
na caverna das pernas
que aí se entre-curva
se afunda
se perde
se entreabre a rosa
entre a boca
das pétalas
sábado, 18 de maio de 2013
Manuel Alegre. "A esquerda em Portugal não serve para nada"
Tudo começa ou acaba nos sonhos. O último livro de Manuel Alegre faz deles matéria-prima de romance. “Tudo É e não É” fala-nos das ideias recorrentes que nos fazem humanos, da nossa tentativa de construirmos o sonho e fugirmos ao pesadelo. Esta entrevista mantém a mesma estrutura e aborda a literatura e a política, sempre entre o sonho e o pesadelo.
Ainda sonha?
Em relação aos sonhos propriamente ditos, sonho todas as noites, foi destes sonhos que partiu o livro. Noutro sentido, os sonhos estão mais complicados.
Raízes
enfio
meu pau em sua vagina
enraízo
sou falo
és a terra de minhas raízes
a nutrir o gozo
sou tronco
enfiado na terra de seu corpo
sou raiz
és o solo
eu apenas o agregado
és chupa
onde deposito minhas sementes
vestígios
que escoam na geratriz
enraízo
sou falo
és a terra de minhas raízes
a nutrir o gozo
sou tronco
enfiado na terra de seu corpo
sou raiz
és o solo
eu apenas o agregado
és chupa
onde deposito minhas sementes
vestígios
que escoam na geratriz
sexta-feira, 17 de maio de 2013
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