Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Pensamento do dia


Vá-se lá saber porquê?

Tenho assistido com algum interesse e distanciamento, às alegrias e, tristezas, a favor e contra da prisão de José Sócrates.
Sou daqueles que até provas em contrário, o cidadão José Sócrates merece-me todo o respeito.
Estou à vontade, nunca votei Partido Socialista, nunca gostei do político Sócrates, nem da sua governação, mas esse facto não me obriga a rejubilar  pela sua prisão preventiva!
Há justiça o que é da justiça, há política o que é da política.

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº1953 - Inverno, manhã muito fria, mas com um sol radioso.

MORDAZA

Cantiga de Maldizer – I

Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?

domingo, 28 de dezembro de 2014

Paga e repaga

A paga
eu gostaria muito sim talvez
dar uma enorme foda todo o mês
numa mulher que se chamasse Inês
e que tivesse um gato siamês
que não me chateasse cada vez
que nela me pusesse de viés
porque as mulheres pensam que talvez
no foder se paga tudo de uma vez

mas nunca se lembram que ao invés
o pagar nada tem com as fodas que dês
porque ainda ontem dei ai umas dez
e a paga que tive foi um chato burguês
A repaga
não penses tu proleta fodilhão
que lá por seres caralho
tens razão
nem que todas as fodas que me dês
são a fácil desforra
do tesão

porque a cona é que sabe
do vir ou do não vir
e só no seu sorrir
é que o caralho sobe

mas se és mal pago
não vais morrer de fomes
e se me pagas
não pagas o que comes.

(e o chato talvez
não seja mais
que o teu retrato
português)
(de "Cara lh amas"

Vá-se lá saber porquê?

É normal, com o findar de mais um ano, as pessoas formularem votos para o novo ano que se aproxima. Não fujo à regra. Os votos que formulo são colectivos; que os meus concidadãos abram os olhos de vez e, penalizem quando forem chamados a votarem, todos aqueles que, nestes últimos anos os castigaram, sem dó nem piedade. Se não o fizerem não têm moral para continuarem a carpir lágrimas, sobre a dureza da vida! 

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1952 - Final de tarde.

The War on Drugs - Under The Pressure (Official Video)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

FELIZ AUSTERIDAD Y PORROMPOMPERO AÑO NUEVO


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1951 - Cais das Colunas.

Parábola de Natal


Comecei a vê-los assim que me aproximei do hospital. Eram umas dezenas: homens, mulheres, velhos, novos, alguns deficientes, todos encostados às paredes dos numerosos restaurantes que por ali havia. Esperavam os restos dos almoços, com disciplina e contenção. À distância, um carro da Polícia vigiava. Mas nada de sobressaltante acontecia. "Tudo calmo, por aqui", comunicava um dos agentes para a esquadra. O tempo era inclemente e a solidariedade parecia desempregada. Nas ruas, as pessoas não se cruzavam, trespassavam-se com a indiferença de quem apenas quer saber de si. Ia ver a minha mulher, que quebrara a perna esquerda em duas partes e os médicos preparavam-na para a engessar. Eu vira os ossos de perna dela expostos e ensanguentados e a imagem perturbara-me. Os nossos filhos iam vê-la, consoante a disponibilidade dos horários das escolas e os do hospital. O mais novo parecia que ronronava e estava constantemente a afagar-lhe o braço, com a cara encostava ao corpo dela. Contei-lhe das pessoas que aguardavam as sobras dos restaurantes, e de dois amigos nossos que tinham sido presos. Política, está bom de ver. O hospital, o de São Lázaro, estava repleto. Disse-me ela: "Há muito mais velhos do que novos. Os velhos caem em casa. Há alguns novos, mas a maioria é constituída por velhos que caíram em casa."


Pensamento do dia


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1950 - Árvores.

TRAGICÓMIX


by Robert García

De redondo cu

de redondo cu
eu cúbica te quero
como cólera química ou paz comum
que nada tão navega
a tua nádega núbica
de redondo nenúfar
nu furioso.

no volume do cu
velo o teu lume
ocioso cio de culher
nos colhões que te encosto
pelas costas
no cu que te descubro
pelo olho
no volume que rasgo
pela vela
do duro coração na cumoção
de ter-te pelas tetas
culocada na posição
decúbita
culada
da comunicação.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1949 - rosto.

¡Volvieron!


TRAGICÓMIX


Eu e Juliana

No tempo em que fui menino
não tinha televisão
por isso meu passatempo
era bodoque e pião
tomar banho lá no riacho
e pegar "aduvinhão".

No entanto eu fui crescendo
e já estando um rapaz
ajudava o velho Pedro
a cuidar dos animais
e também da plantação
lá do sítio de meus pais.

E nesse tempo eu ainda
sem ter mulher conhecido
de vez em quando eu sentia
algo em mim endurecido
quando chegava na mente
um pensamento atrevido.

Porém só fui descobrir
o prazer que ele traz
ao conhecer Juliana
(era bonita demais)
era mesma uma poltranca
que não esqueço jamais.

É dela que passo agora
a descrever o roteiro
e também do nosso caso
que é todo verdadeiro
muitas vezes repetido
no nordeste brasileiro.

No jardim da mocidade
o mundo tem mais olor
os dias são mais festivos
a noite tem mais primor
a mente é cheia de sonhos
e o peito cheio de amor.

Juliana foi a tara
que eu tive na adolescência
com ela foi que vivi
a primeira experiência
numa tarde de janeiro
na solidão da querência.

Momentos inesquecíveis
com Juliana eu passei
passeando pelos campos
de fazenda onde morei
e desses nossos passeios
eu jamais esquecerei.

Mesmo ficando caduco
agindo como criança
na minha senilidade
(que se não morrer, me alcança)
eu sei que Juliana vai
estar em minha lembrança.

Ela sempre me levava
pros passeios matinais
pelos rios, pelos campos,
por dentro dos matagais
e desses dias tão bons
sinto saudade demais.

E em nossas cavalgadas
vendo aguçado o sentido
fazia versos pra ela
cantando no seu ouvido
tendo o sol por testemunha
de nosso amor proibido.

Uma vez aconselhado
pelo "nego" Nicanor
levei Juliana pro mato
por entre ânsia e pavor
comecei a lhe alisar
mesmo com certo temor.

E ela naquele instante
pareceu compreender
aquilo que eu queria
pois ficou a se mexer
ficando assim, mais arisca
aumentando o meu querer.

Pus as mãos em suas ancas
e engatei na traseira
ela ficava impassível
satisfeita, prazenteira
saciando meus instintos
na bestial brincadeira.

Depois disso muitas vezes
levei pra junto do rio
aonde tinha um barranco
e então nesse baixio
eu pegava a Juliana
quando ela estava no cio.

Foi tão grande a atração
que por ela eu sentia
que me tornei um escravo
daquela égua vadia
cada vez mais penetrando
na sua ardente enchovia.

Nem o canto das sereias
que dizem ser sedutor
me faria desprezar
o prazer e o calor
que Juliana me dava
quando lhe fazia amor.

Foram dezenas de vezes
de conjugação carnal
pois tarei em Juliana
mas eu achava normal
Juliana era uma... égua
que não tinha outra igual.

Não queria nem saber
de almoçar e de jantar
só pensava em Juliana
ia pra todo lugar
que vida boa era aquela
como gosto de lembrar.

E nas horas vespertinas
quando o sol desvanescia
pegava sela e arreios
com Juliana eu saía
só voltava quando a noite
os campos verdes cobria.

O meu pai desconfiou
desse meu procedimento
e num dia de domingo
seguir-me teve o intento
e o fez bem sorrateiro
a tudo ficando atento.

E em flagrante delito
por meu pai fui apanhado
e levei um grande pito
que fiquei acabrunhado
mas o que houve depois
foi o golpe mais pesado.

Meu pai não se conformando
com a minha perversão
vendeu então minha égua
foi grande a decepção
ficou por mais de um mês
tristonho meu coração.

Não tendo mais Juliana
eu não quis substitutas
e passei a paquerar
as mais trigueiras matutas
me saciando nas zonas
com devassas prostitutas.

Mas ainda não achei
nenhuma mulher mundana
que seja bastante escrota
experiente e sacana
pra meu causar os prazeres
que tive com Juliana.

Este caso aqui contado
é um fato bem real
que inda hoje acontece
dentro do meio rural
e passa despercebido
do povo da capital.

Agradeço a todos que
me comprar um exemplar
pois comprando este folheto
ao autor vai ajudar
prestigiando o trabalho
do artista popular.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Pensamento do dia


"A TAP é minha"


Um senhor do Governo veio dizer--nos que a privatização da TAP estava prevista desde o começo desta legislatura. O senhor do Governo (eles são tantos, que se torna difícil decorar-lhes os nomes) tem olhos de peixe morto e voz compulsiva: isto para melhor o identificar. Os protestos da Oposição atingiram a zona do confronto verbal mais tempestuoso. Desde "traição" ao abandono das nossas grandes empresas ao "capital financeiro multinacional", ouviu-se de tudo. A paixão sublinhou as intervenções, percebendo-se que a TAP não é assunto neutro, nem, apenas, mais uma companhia entregue à voracidade da ‘globalização’ que tem beneficiado, unicamente, os grandes interesses. A ‘globalização’, aliás, não é, só, o prolongamento do capitalismo; é a imposição de uma alternativa de contra-governo; seja: a ausência de decisões nacionais, em favor de uma ordenança específica. Os governos ficariam desprovidos das possibilidades de escolha, regulados pelas leis do mercado, afinal comandados pela alta finança. E a União Europeia mais não é do que uma hipótese da continuidade das ideias que formaram este poder absorvente que nos submete com absorção. A privatização da TAP pertence a esse projecto de controlo global. O Governo fala da inevitabilidade da venda. António Costa, por exemplo, entre muitos mais, desmente essa inevitabilidade, agitando o princípio de que a TAP é uma companhia "de bandeira", definição assaz enigmática. Viajei, durante toda a vida, com aquela companhia, possuo um indisfarçável sentimento de posse, sei o que ela representa para os portugueses lá de fora. A TAP não é unicamente uma empresa vendível ao sabor das circunstâncias, um negócio banal: é um estado d’alma, uma emoção, um pequeno orgulho e a módica vaidade que nos resta.


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1948 - Navegando.

A Kién le importa el futuro?


Mais

Quero dormir
Esquecer
Escrever
Sorrir
Lua cheia
Que semeia
Não quero te exaurir
Chega de gozar

Pare de provocar
E vamos dormir
Mas se você aguentar
Por que não...
até o dia clarear?

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1947 - Bayer Leverkusen.

LEY MORDAZA


Imagem

Boca
Linda e rosada
Bem-feita e ocupada

Pele
Sedosa
Ociosa
À espera de um toque

Unhas
Que arranhões provocam

Umbigo e quadris
Que ao prazer convidam
E a libido excitam

Queimando, ardendo, incendiando
Nossas vozes gritando
Nossos corpos extasiados

E o desejo maravilhado
Recomeça inquieto
E para sempre desperto...

domingo, 14 de dezembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1946 - Parque das Nações.

Minha doce puta

No olhar mais meigo,
nos lábios mais pecadores
pousei minhas venturas
e todas minhas dores.
Aqueles seios puros quisera,
mas já foram bebidos
por todas as bocas da terra.
Pouco me importa.
Sou feliz quando abre a porta
e etérea se escancara
em pernas de formosura e vida torta.
Mesmo o cheiro barato em teu corpo
de perfume de esquina de mil homens,
não tiram o cristalino sorriso da tua infância.
E me lambuzo das tuas fantasia,
deposito meus versos em teu corpo
e te faço musa das minhas poesias.
Minha doce menina puta!

sábado, 13 de dezembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1945 - corvo marinho.

Vá-se lá saber porquê?


Sondagens. Hás-as para todos os gostos; esta última corresponde à opinião de alguns (não corresponde à minha) portugueses. Até ao lavar dos cestos é vindima, diz o povo na sua sábia sabedoria!
Eu faço votos muito sinceros que os partidos que compõem o governo sejam severamente castigadas nas próximas eleições legislativa. è um direito que se me assiste!

TORT-USA


At the Jazz Standard -Ambrose Akinmusire

Desejos

Senhora buscai em meu corpo teu desejo louco,
sou homem não sou santo a ti abro meu manto
e se beberes na bruma da manhã desse prazer que não é pouco,
deitarei meu corpo em teu leito te causando espanto.

Em desalento, mesmo distante do legado em jeito,
faça de meu corpo tua moradia como febre em estadia,
lânguida, em minha pele com teus delírios me deito
e de belo agrado te aninho em meu pulsante peito.

Sou teu pecado não sejas mulher ternura,
na cama tuas vontades recebo como tua melhor criatura
e pecai...muito, por prazer não perdes a candura.

Faça da carne a música como escultura bêbada
e do poema um rio solto em direção ao revolto mar,
solte o leme da escuna, naufrague nas ondas desse lindo namorar.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Vá-se lá saber porquê?


Zangam-se os primos, descobrem-se meias verdades!

ANTI-PUTIN


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1944 - Árvore.

Poema antigo

O homem que percorro
com as mãos

e a lua que concebo
na altitude
do tédio


o oceano
penso paralelo — ventre
à praia intata
das janelas brancas
com silêncio

ciclamens-astros
entre
as vozes que calaram
para sempre
o verbo — bússola
com raiz — grito de relevo

O homem que percorro
com as mãos

a estátua que consinto

a lua que concebo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1943 - Parque das Nações.

VIVAN LAS CADENAS!


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1942 - Outono.

Desperta-me de noite

Desperta-me de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito

É rede a tua língua
em sua teia
é vício as palavras
com que falas

A trégua
a entrega
o disfarce

E lembras os meus ombros
docemente
na dobra do lençol que desfazes

Desperta-me de noite
com o teu corpo
tiras-me do sono
onde resvalo

E eu pouco a pouco
vou repelindo a noite
e tu dentro de mim
vai descobrindo vales. 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

ES HORA DE COMENZAR A DECIR LA VERDAD.


by Kike

Vá-se lá saber porquê?

Não gosto de linchamentos na praça pública!

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1941 - Sol de outono.

Recém-casado

É pelos corpos que nos perdemos
de nós mesmos, para nos ganharmos.
É pelos beijos que nos despedimos
para nos encontrarmos pelos olhos.
É pela pele que escaldamos
o que em nós havia de secreto:
e é o nosso corpo entregue um corpo
estranho
pois pertence só a quem amamos
por quem morosamente devassamos
o alheamento da carne -
o barqueiro, o pastor que a atravessa
num profundo arremesso vagaroso
levantando ondas, ondas, ondas e
ervas
a subir e descer vagas e montes
levando-me com ele à raia clara
onde água a quebrar-se eu me
constele
na sua barca, conduzida à praia.

domingo, 7 de dezembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1940 - Pardal.

Vá-se lá saber porquê?

Não gosto de primeiros-ministros desmemoriados!

"participe a título lucrativo"


by Artsenal 

EUROPA - DESDE RUSIA CON AMOR


PCPC - Saint Vitus 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1938 - Parque das Nações.

Tirando a roupa

Gosto de tirar a roupa
E sentir o teu caralho duro
Enchendo de prazer a minha boca
Deixando-me louca de tesão
Enquanto vou sendo beijada com sofreguidão...

Gosto de tirar a roupa
Virar-me de costas
E oferecer-me por inteiro
Pedindo sorrateira
A tua entrada no meu traseiro.

Gosto de tirar a roupa
E me sentir lambuzada
Inteiramente desejada
Pronta para comer
E ser comida...

Gosto de tirar a roupa
Abrir as minhas pernas
E ficar te sacaneando
Oferecendo a minha vagina quente
Cheia de vontade de ficar molhada.

Gosto de tirar a roupa
E me sentir uma puta
Pronta para ser abusada
Penetrada, amada
Tonta de tesão e dor.

Gosto de tirar a roupa
E sentir as tuas mãos me envolvendo
O teu dedo no meu cuzinho
A tua língua na minha pombinha
E a minha boca no teu pau.

Gosto de tirar a roupa
E de gritar como uma maluca
Com o prazer doidivanas
Que tu provocas no meu corpo
Quando entra em mim ereto.

Gosto de tirar a roupa
E ser obscena
Ser a tua pequena
Ser a tua tarada
Sempre pronta para tirar a roupa...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

CLASES SOCIALES


by Eneko

Um pensamento

A língua
O beijo
O cheiro
Do amor
A água
A lágrima
Que corre
Cai, e grita
E chora
O beijo.
A língua
A fala, e fala
Do amor
Faz
Constrói
Destrói
E briga
Chora
O beijo
Do amado
Lábios molhados
Do amante
Da água
Da língua
O beijo
Um beijo
E apenas
Beijo

O

B
E
I
J

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1938 - Parque do Tejo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Um congresso


É justificável a euforia de socialistas e afins, no final do XX Congresso do PS. Ao enunciar os princípios do seu projecto, António Costa declinou qualquer associação com o PSD ou com o CDS. Embora não acrescentasse nada acerca de futuras coligações ou entendimentos, a módica afirmação tanto bastou para que Francisco Assis fugisse, espavorido, da magna reunião, sem mesmo usar da palavra, como estava combinado. Assis é a face visível da ala direita do partido, e o sonho mais embalador que acalenta será, acaso, uma união tão estreita entre o PS e o PSD que semelhe um casamento. Seguro, o doce e ameno Seguro, não era contrário a esta ideia fusionista e ia conduzindo o PS às falésias do abismo. A direita exultava, e o carinho com que tratava o meigo adversário não deixava de criar apoquentações nos socialistas que consideravam morganática aquela ligação. Nesse exacto momento, Costa emerge da sombra e do silêncio, apoiado e acicatado pelos socialistas que ainda não haviam deixado totalmente de o ser. Trepa a secretário-geral com a promessa vaga de que o PS ia "mudar". 


Tragicómix



photo: rogério barroso. Foto nº 1937 - Parque Tejo.

O vibrador

o vibrador
de tanto vibrar
gozou

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

FERGUSON


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1936 - aguarela.

Os amores, V: 1-1, 9-26

Era intenso o calor, passava do meio dia;
Estava eu em minha cama repousando.
(...) Eis que vem corina numa túnica ligeira,
Os cabelos lhe ocultando o alvo pescoço;
Assim entrava na alcova a formosa Semiramis,
Dizem, e Laís que amaram tantos homens.
Tirei-lhe a túnica, mas sem empenho de vencer:
Venceu-a, sem mágoa, a sua traição.
Ficou em pé, sem roupa, ali diante de meus olhos.
Em seu corpo não havia um só defeito.
Que ombros e que braços me foi dado ver, tocar!
Os belos seios, que doce comprimi-los!
Que ventre mais polido logo abaixo do peito!
Que primor de ancas, que juvenil a coxa!
Por que pormenorizar? Nada vi não louvável,
E lhe estreitei a nudez contra o meu corpo.
O resto, quem não sabe? Exaustos, repousamos.
Que outros meios-dias me sejam tão prósperos.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

BLACK FRIDAY


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1935 - flor.

Epigrama

Amar, foder: uma união
De prazeres que não separo.
A volúpia e os prazeres são
O que a alma possui de mais raro.
Caralho, cona e corações
Juntam-se em doces efusões
Que os crentes censuram, os loucos.
Reflete nisso, oh minha amada:
Amar sem foder é bem pouco,
Foder sem amar não é nada.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1933 - Oceanário de Lisboa.

COPS LAND


Femina

Não lavei os seios 
pois tinham o calor
da tua mão.

Não lavei as mãos
pois tinham os sons
do teu corpo.

Não lavei o corpo
pois tinha os rastros
dos teus gestos;
tinha também, o meu corpo
a sagrada profanação
do teu olhar
que não lavei.

Nem aqueles lençóis,
não os lavei,
nem os espelhos
que continuam
onde sempre estiveram:
porque eles nos viram
cúmplices, e a paixão,
no paraíso,
parece que era.

Lavei, sim,
lavei e perfumei
a alma, em jasmim,
que é tua, só tua,
para te esperar
como se nunca tivesses ido
a nenhum lugar:

donde apaguei
todas as ausências
que apaguei
ao teu olhar.
Este poemeto, no modo mulher, é uma variante - e homenagem - do poema Lembranças, de Angela Schaun (Soares Feitosa

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Vá-se lá saber porquê?

Para desviar a atenção deste malfadado governo os media estão mais interessados no cozido à portuguesa que José Sócrates almoçou e, nas visitas que recebe!



FOTOS MINHAS



photo: rogério barroso. Foto nº 1932 - Cato.

Juiz temia fuga de José Sócrates

O advogado João Araújo acabou com o mistério: José Sócrates ficou em prisão preventiva porque o juiz Carlos Alexandre temeu que caso fosse libertado, o ex-primeiro-ministro poderia fugir, continuar a atividade criminosa ou destruir provas do processo.
Em declarações ao "Diário Económico", João Araújo confirmou que o juiz Carlos Alexandre invocou todos estes motivos para justificar a prisão preventiva. O advogado de Sócrates revelou ainda que a defesa "não foi confrontada" com indícios do crime de corrupção. Apesar disso, o ex primeiro-ministro é suspeito deste crime por atos que terá praticado enquanto era governante.

O dilema


Os nossos sentimentos ambivalentes em relação a José Sócrates não justificam o que o homem tem passado desde a última sexta-feira. Um pequeno biltre, cujo nome quero deixar fora deste texto, por questões de higiene mental, chegou ao ponto de urrar "Aleluia!", na hora da detenção do ex-primeiro-ministro. Mas as humilhações ‘oficiais’ por que passou superam qualquer entendimento. E há perguntas ainda sem resposta, uma das quais acaso mais pertinente do que outras. Sócrates sabia que seria detido logo que chegasse a Lisboa? As indicações levam-nos a acreditar que sim. E não só as fornecidas pela pompa mediática, reveladora de que a informação saíra de fonte judicial para dois jornais. Estes cumpriram o dever que lhes incumbe, embora a correspondência com a ética saia um pouco amolgada. Outra interrogação: as acusações a Sócrates serão mais pesadas e graves do que as que recaem em Ricardo Salgado, o qual vive no regalo da sua ‘villa’, enquanto Sócrates foi recambiado para Évora? Terceira: a presunção de inocência usou do mesmo peso e da mesma medida aplicados a Salgado, ao qual a caução de três milhões, para passear ao ar livre e não ser aferrolhado, chega a ser ultrajante, tomando em conta a fortuna de que se fala?


EL SUEÑO AMERICANO


Poema ao mais recente amor

Estar entre teus pêlos e dedos, 
entre tua densidade,
neste transpirar sob medida
aos teus gemidos.
Estar entre teus trópicos,
entre o teu desejo e o meu prazer;
beber parte de teus líquens e teus rios
percorrendo-te da foz até a origem,
e pura a cada amor partir mais virgem.

LIVRO DO DESASSOSSEGO

Todo o dia, em toda a sua desolação de nuvens leves e mornas, foi ocupado pelas informações de que havia revolução.
Estas notícias, falsas ou certas, enchem-me sempre de um desconforto especial, misto de desdém e de náusea física.
Dói-me na inteligência que alguém julgue que altera alguma coisa agitando-se. A violência, seja qual for, foi sempre para mim uma forma esbugalhada de estupidez humana. Depois, todos os revolucionários são estúpidos, como, em grau menor, porque menos incômodo, o são todos os reformadores.
Revolucionário ou reformador — o erro é o mesmo. Impotente para dominar e reformar a sua própria atitude para com a vida, que é tudo, ou o seu próprio ser, que é quase tudo, o homem foge para querer modificar os outros e o mundo externo. Todo o revolucionário, todo o reformador, é um evadido. Combater é não ser capaz de combater-se.
Reformar é não ter emenda possível.