Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1933 - Oceanário de Lisboa.

COPS LAND


Femina

Não lavei os seios 
pois tinham o calor
da tua mão.

Não lavei as mãos
pois tinham os sons
do teu corpo.

Não lavei o corpo
pois tinha os rastros
dos teus gestos;
tinha também, o meu corpo
a sagrada profanação
do teu olhar
que não lavei.

Nem aqueles lençóis,
não os lavei,
nem os espelhos
que continuam
onde sempre estiveram:
porque eles nos viram
cúmplices, e a paixão,
no paraíso,
parece que era.

Lavei, sim,
lavei e perfumei
a alma, em jasmim,
que é tua, só tua,
para te esperar
como se nunca tivesses ido
a nenhum lugar:

donde apaguei
todas as ausências
que apaguei
ao teu olhar.
Este poemeto, no modo mulher, é uma variante - e homenagem - do poema Lembranças, de Angela Schaun (Soares Feitosa

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Vá-se lá saber porquê?

Para desviar a atenção deste malfadado governo os media estão mais interessados no cozido à portuguesa que José Sócrates almoçou e, nas visitas que recebe!



FOTOS MINHAS



photo: rogério barroso. Foto nº 1932 - Cato.

Juiz temia fuga de José Sócrates

O advogado João Araújo acabou com o mistério: José Sócrates ficou em prisão preventiva porque o juiz Carlos Alexandre temeu que caso fosse libertado, o ex-primeiro-ministro poderia fugir, continuar a atividade criminosa ou destruir provas do processo.
Em declarações ao "Diário Económico", João Araújo confirmou que o juiz Carlos Alexandre invocou todos estes motivos para justificar a prisão preventiva. O advogado de Sócrates revelou ainda que a defesa "não foi confrontada" com indícios do crime de corrupção. Apesar disso, o ex primeiro-ministro é suspeito deste crime por atos que terá praticado enquanto era governante.

O dilema


Os nossos sentimentos ambivalentes em relação a José Sócrates não justificam o que o homem tem passado desde a última sexta-feira. Um pequeno biltre, cujo nome quero deixar fora deste texto, por questões de higiene mental, chegou ao ponto de urrar "Aleluia!", na hora da detenção do ex-primeiro-ministro. Mas as humilhações ‘oficiais’ por que passou superam qualquer entendimento. E há perguntas ainda sem resposta, uma das quais acaso mais pertinente do que outras. Sócrates sabia que seria detido logo que chegasse a Lisboa? As indicações levam-nos a acreditar que sim. E não só as fornecidas pela pompa mediática, reveladora de que a informação saíra de fonte judicial para dois jornais. Estes cumpriram o dever que lhes incumbe, embora a correspondência com a ética saia um pouco amolgada. Outra interrogação: as acusações a Sócrates serão mais pesadas e graves do que as que recaem em Ricardo Salgado, o qual vive no regalo da sua ‘villa’, enquanto Sócrates foi recambiado para Évora? Terceira: a presunção de inocência usou do mesmo peso e da mesma medida aplicados a Salgado, ao qual a caução de três milhões, para passear ao ar livre e não ser aferrolhado, chega a ser ultrajante, tomando em conta a fortuna de que se fala?


EL SUEÑO AMERICANO


Poema ao mais recente amor

Estar entre teus pêlos e dedos, 
entre tua densidade,
neste transpirar sob medida
aos teus gemidos.
Estar entre teus trópicos,
entre o teu desejo e o meu prazer;
beber parte de teus líquens e teus rios
percorrendo-te da foz até a origem,
e pura a cada amor partir mais virgem.

LIVRO DO DESASSOSSEGO

Todo o dia, em toda a sua desolação de nuvens leves e mornas, foi ocupado pelas informações de que havia revolução.
Estas notícias, falsas ou certas, enchem-me sempre de um desconforto especial, misto de desdém e de náusea física.
Dói-me na inteligência que alguém julgue que altera alguma coisa agitando-se. A violência, seja qual for, foi sempre para mim uma forma esbugalhada de estupidez humana. Depois, todos os revolucionários são estúpidos, como, em grau menor, porque menos incômodo, o são todos os reformadores.
Revolucionário ou reformador — o erro é o mesmo. Impotente para dominar e reformar a sua própria atitude para com a vida, que é tudo, ou o seu próprio ser, que é quase tudo, o homem foge para querer modificar os outros e o mundo externo. Todo o revolucionário, todo o reformador, é um evadido. Combater é não ser capaz de combater-se.
Reformar é não ter emenda possível.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1931 - Quotidiano.

Livro do Desassossego

A inação consola de tudo. Não agir dá-nos tudo. Imaginar é tudo, desde que não tenda para agir. Ninguém pode ser rei do mundo senão em sonho. E cada um de nós, se deveras se conhece, quer ser rei do mundo.

Tragicómix


Poema para o namorado

Teu lado feminino me erotiza:
são belos, sensuais e muito caros
certos instantes gostosos, em que te encaro
menos como homem e mais como menina:
quando passas teus cremes para a pele,
ou pões o avental pra cozinhar,
ou quando em mim te esfregas
até gozar os teus gozos sem fim,
ou quando tuas mãos, leves e lésbicas,
desabam como plumas sobre mim.

domingo, 23 de novembro de 2014

Cecil McBee - Alternate Spaces 1/5 - Alternate Spaces

EL DINERO NO DESAPARECE, SOLAMENTE CAMBIA DE MANOS


by Kike

Vá-se lá saber porquê?

Triste sina de País, sistematicamente ocorrem fugas ao segredo de justiça, desta feita o premiado foi o cidadão José Sócrates que, por acaso foi primeiro ministro. 
Este cidadão ainda não tinha sido ouvido e, já estava a ser acusado na praça pública.
Há justiça o que é da justiça, há política o que é da política!

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1929 - No outono sente-se em Lisboa, o cheiro das castanhas assadas!

Nota biográfica

Na leitura do abismo e seus açores 
Teci a minha vida, entre moinhos
Atirei-me à ventura dos caminhos
E neles cultivei as mores dores.

Jamais ultrapassei os domadores
De outra profissão senão de espinhos,
Não apurei o faro dos focinhos
Mas despertei o mito dos amores.

Embora da maldade dos tiranos
Compusesse uma ópera canina,
Eu tive a recompensa do teu ânus.

Tesão com castidade não combina
Nem fodas retardadas pelos anos:
Ser puto de mulher, eis minha sina.

sábado, 22 de novembro de 2014

MÉXICO, LLORA POR TUS HIJOS ASESINADOS


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1928 - Da minha janela.

Um sorriso

Quando 
com minhas mãos de labareda
te acendo e em rosa
embaixo
te espetalas

quando
com o meu aceso archote e cego
penetro a noite de tua flor que exala
urina
e mel
que busco eu com toda essa assassina
fúria de macho?
que busco eu
em fogo
aqui embaixo?
senão colher com a repentina
mão do delírio
uma outra flor: a do sorriso
que no alto o teu rosto ilumina?

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Ani DiFranco - Allergic To Water (live)

Vá-se lá saber porquê?

No outono, gosto de sentir o cheiro a castanhas assadas!

Tragicómix


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1927 - From my window.

Após o banho, nua

Após o banho, nua 
ainda, o corpo úmido
ao meu encontro, visão,
relembro, cálido êxtase,
os seios entrevistos
no decote frouxo, agora, nua,
toalha molhando-se, ressurgem
após o banho,
fremindo, suave embalo, avidez
de língua e mãos, nua, vens,
perfume, sulcos na pele,
ansiada espera, curvas, a entrega
ao meu olhar, bocas, rosa
túmida, pétala, sucção, espuma,
resplandeces para mim, nua,
após o banho.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Cambalachos

Não me regozijo com as detenções de alguns suspeitos de corrupção no caso dos vistos Gold. Nem me congratulo com a acção policial que os conduziu às prisões. As razões são antagónicas.
As origens, porém, confundem-se: a pátria está moralmente doente e, cada dia que surge, novos cambalachos abalam, não só a estrutura social, como amolgam a credibilidade das instituições. A decadência geral corrói os alicerces de que as nações se fundam. Os apontados como corruptos são prevaricadores de alta monta, embora haja piores, e andem à solta: basta terem dinheiro para pagar a liberdade; os segundos apenas cumpriram um dever – deter e interrogar os suspeitos.
As coisas ocorrem às ocultas e o que devia ser civicamente transparente é politicamente opaco e tenebroso. O caso das causas da legionella é significativo: as empresas responsáveis por uma desgraça que matou nove pessoas continuam numa impunidade indecorosa, embora os nomes e os factos sejam conhecidos. Enfim, e reafirmando a tese de que há duas justiças: uma para quem dispõe de posses largas; outra, para a arraia-miúda, o dr. Salgado, principal responsável pelo desabamento do Grupo Espírito Santo pagou três milhões de euros (ninharia para o peso das disponibilidades do cavalheiro) e vive impávido e sereno na belíssima vivenda que possui. Um pouco por todo o mundo, o cambalacho do Grupo conduziu ao desespero milhares de famílias que ficaram sem emprego e sem remissa. E há outros, bem entendido.

MÉXICO HOY MÁS QUE NUNCA CANTA Y NO LLORES


FOTOS DE AMIGOS


photo: ines serpa. Foto nº 1926 - Rain.

Tema

Deliberadamente
utilizamos
todas as zonas erógenas
submissos

aos animais
que transitavam a pele
submissos
a nossa disponibilidade
imerecida
sacudida
por buzinas
chuvas repentinas confundindo
as marcas de um caminho já
percorrido

Deliberadamente
entre suor e grunhido
molhado
o ritual foi cumprido

Só então nos devolvemos

domingo, 16 de novembro de 2014


photo: rogério barroso. Foto nº 1925 - Parque Infantil.

Tema

Deliberadamente
utilizamos
todas as zonas erógenas
submissos

aos animais
que transitavam a pele
submissos
a nossa disponibilidade
imerecida
sacudida
por buzinas
chuvas repentinas confundindo
as marcas de um caminho já
percorrido

Deliberadamente
entre suor e grunhido
molhado
o ritual foi cumprido

Só então nos devolvemos

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1922 - Jardins Garcia d'Orta.

PRIMAVERA CHINA


Mademoiselle furta cor

Por esta fresta te espreito
Por esta fresta te desvendo

Por esta fresta
cravo
sonda contra esponja,
e babo
e te penetro
teso e reto, e por inteiro
ó seu corpo se entreabre:
porta e perna, caixa e coxa.

Por esta fenda
tenda
de pele que se franze,
e rasga
eu me adentro
feito de espera e de esperma:
e espremo - te aperto - e exprimo
toda a cor da carne do amor que escrevo.

Por esta fresta me espreito
Por esta fenda me desvendo

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Berlín 1961: un muro para "salir del apuro"


Los diez tanques M48 Patton norteamericanos avanzaron hacia Friedrichstrasse y se posicionaron en Checkpoint Charlie, con sus cañones apuntando al otro lado de la frontera, mientras los helicópteros sobrevolaban a baja altura el sector oriental para vigilar los movimientos contrarios. Los británicos colocaron tres cañones antitanque en los alrededores de la Puerta de Brandemburgo apuntando hacia una concentración de vehículos rusos. La crisis pudo deberse a un malentendido o una provocación pero a la mañana siguiente, los rusos aceptaron el envite y diez tanques T-72 llegaban desde Unter den Linden y se plantaron en Checkpoint Charlie encañonando a los americanos a cien metros de distancia. Era la guerra de nervios que se vivió en el Berlín de octubre de 1961, partido por el Muro, cuando la Guerra Fría alcanzó una temperatura glacial en un episodio que muchos creen que fue aún más delicado que la crisis de los misiles cubana del año siguiente.

Winston Churchill había definido en un discurso pronunciado en marzo de 1946 la situación a la que se veía abocada Europa, después de sufrir el peor conflicto bélico de la Historia: “Un telón de acero ha caído sobre el continente, desde Stettin en el Báltico hasta Trieste en el Adriático”. El presidente norteamericano Harry Truman expuso un año después las líneas de la nueva política exterior de EE UU –la Doctrina Truman-, que abandonaba la colaboración pacífica con la URSS que preconizó Roosevelt, y establecía la disuasión militar como eje de una política de contención frente a la Rusia soviética. La carrera armamentista y la amenazadora sombra de las armas nucleares y su poder destructivo determinaban los parámetros del nuevo conflicto. Los acuerdos de laConferencia de Potsdam de julio de 1945 establecían la división de Alemania en cuatro zonas ocupadas por las potencias vencedoras y provocaron que la caída de ese telón de acero desgarrase el país y su punto más sensible, Berlín.

JUEGO MORTAL


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1920 - Pausa.

Vermelho

Tua,
de seda e feno
no transe da metáfora
a fenda soletrada-sol,
vala de luz, vocabulário

Tua, folhagem. O
olho
alcança o Olho,
desce aos infernos:

sonha o cabelo da urna,
o vermelho
da cifra, a ferida
no centro da fogueira

Tua, tua

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Un libro revela plan secreto de Kissinger para bombardear Cuba por su apoyo a la lucha contra el apartheid

En el nuevo libro: "Back Channel to Cuba: The Hidden History of Negotiations between Washington and Havana" (La historia oculta de las negociaciones entre Washington y La Habana), los escritores Peter Kornbluh y William LeoGrande utilizan documentos recientemente desclasificados para revelar la historia secreta de los diálogos entre Estados Unidos y Cuba. Entre otras cuestiones, dan a conocer los detalles de cómo el entonces Secretario de Estado, Henry Kissinger, consideró iniciar un ataque aéreo sobre Cuba cuando Fidel Castro envió tropas para apoyar la lucha independentista en Angola, en 1976. En los años siguientes, EE.UU. envió emisarios ultra secretos, incluidos el ex presidente Jimmy Carter y el escritor ganador del premio Nobel Gabriel García Márquez, para intentar normalizar las relaciones con Cuba. El libro sale a la luz justo cuando el líder cubano Raúl Castro se prepara para la primera participación de Cuba en la Cumbre de las Américas, el año que viene en Panamá. Recientemente, Cuba denunció que en septiembre el gobierno de Obama ha extendido el bloqueo contra la isla, que ya lleva más de 50 años, por un año más; una decisión que ha pasado casi desapercibida.

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1919 - Sombras.

EBOLA


by Osval

Frases de José Saramago


Uma menina

água, tua música de pele 
e cheiro fluindo de florações
impalpáveis, chuva acesa
no centro do abismo, onde flutuam
manhãs

terra, teus passos tua voz teus
ruídos de amor e um gozo
além das cordilheiras do sonho
tecendo galáxias, vertiginosa
raiz

ar, teu gesto marinho, olhos
feitos do arremesso do mar
e a centelha invisível a mover
os labirintos do vento, cósmica
serpente

fogo, teu corpo de medusas
e feridas vivas, vulcões,
planeta todo luz, talvez paixão,
pássaro tatuado nas estrelas,
coração

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Vá-se lá saber porquê?

Ainda não digeri a condecoração do PR Cavaco Silva a Durão Barroso!

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1918 - Torre Vasco da Gama.

PERIODISMO INVESTIGATIVO VS PERIODISMO CIUDADANO


Aves sem pouso

Percorro o território do teu corpo 
e um ninho, um pouso busca a boca cega
salivando saliências e reentrâncias
que dás e negas, tão cheia de graça,
e és tão cheia de ninhos, só que pairas
em páramos que esboças pelo teto
quando descerro as portas que me trancam
o coração, e o coração já voa
também por outros páramos, por onde
como soltos no espaço nós soltamos
essas aves que em vão buscam um pouso.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Pensamento do dia


Zé Perdigão - Em Aranjuez com o Teu Amor

EL GIRO A ASIA DE OBAMA


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1917 - smart.

O beijo

Tua boca...
Sim... Tua boca...
O desejo tomou conta de mim
ao beijar tua boca.

Sim...
Os meus lábios ainda pressentem
o próximo toque dos teus.

Boca linda...
Lábios vermelhos...
Desejo trazer junto comigo
Sempre...
Esse sabor de mulher.

Encostei teus lábios nos teus,
As bocas se juntaram...
E se encontraram tão belas...
Tão ansiosas... tão ávidas...

Bebi ali todo o teu veneno...
Bebi ali todo o teu desejo...

Dali, tua pele, sensível ao toque,
se desvendou para minhas caricias...

Meus lábios tocaram a tua pele...
Lábios, peregrinos, visitaram seus refúgios...

Linda mulher...
Lindo desejo...
Deixei algo de mim no teu beijo
que não recupero jamais...

Entrei no teu quarto.

Sentada na cama de calcinha e camiseta,
cabelos soltos...
Beleza sem par...
A materialização da fêmea...
Linda como nunca... fêmea.
Tu falavas e eu...
embriagava-me de ti...
embebia-me de ti...
Prendia-me o olhar...
um ar de sedução...
Assim sob o abat-jour...
Beleza... fascínio.. calor...

Soltei o pensamento...
- Te quero...
O desejo me integrou...
Recebi a tua mão no meu rosto
e a caricia me tocou por dentro.
Entreguei-me.
Deitaste sobre meu corpo...
Um beijo na minha boca...
Suave... mulher apaixonada...
Rendida à magia...
Te afastaste...
Um seio para fora,
colocado sobre meus lábios.
Lábios secos aveludados...
Percorrendo lentamente a auréola
Lábios macios...
Tocando a ponta dos mamilos.
Gemidos... murmúrios...
Arrepios...
Dentes sem força...
Ponta da língua...
Leve...

Corpo perfeito.
As minhas mãos percorrendo
a geografia da pele.
A topografia da carne.
A ponta dos dedos...
A palma das mãos,
em lenta progressão,
por caminhos indecifráveis.
Penugens...
dos braços...
das pernas...
das coxas...

Calor,
teu corpo esta quente.
Cheiro de fêmea...
fragrância...
Prazer.
Sabor.
Todos sentidos presentes
Delicias.

Deitei-me sobre ti.
Tua coxas me tocam os flancos.
As bocas que se encontram,
línguas que se integram.
Sexos que se tocam,
águas que se misturam.
Braços que se enlaçam.
O beijo percorre teus dentes.
Meus dentes pressionam teus lábios.
Súbito um beijo de carinho
no meio do ardor.
Como para buscar a alma
neste mundo de presenças.

As mãos penetram nos cabelos,
sucessivos beijos nas faces,
nos olhos, nos lábios.
Confiança de ser minha.
Certeza de ser teu.
Palavras de carinho e amor.

Os lábios viajam pelo rosto,
enquanto pernas e braços se enlaçam.
Se acolhem, se apertam...
E então um beijo profundo
Um doce sabor...
Encontro de águas..
Sugo teu espirito para dentro de mim...
Entrego o meu para ti...
Os dois se integram num só
na junção dos plexos solares.
Não estamos mais ao nível da pele.

Tua boca exige minha boca.
Os ventres se movem em procura de encontro.
A pele se abre na mistura das carnes.
Músculos que se apertam.
Não existe mais
qualquer conceito de distancia.

As línguas desejam lamber...
Os dentes desejam morder...
A boca deseja sugar...
O pescoço... Os ombros...
Os braços... O colo...
Mordendo e lambendo as axilas...
Abocanhando firme os teus seios.
Sugando prá dentro da boca
Extraindo deles o leite...
A língua, dentro, beijando.
Mordo, te machuco.
Você me arranha as costas...
Puxa os cabelos...
As pernas me apertam...
Diz que me quer...

Eu paro...
Beijos de carinho...
na ponta dos seios.
No colo, na boca.
Te quero... Te amo...

Retomo o fervor.
Alcanço teu sexo.
Te beijo com os meus lábios
os lábios da tua vulva.
A virilha... o anus...
A língua... a saliva...
A ponta da língua...
A língua inteira...
Estremeces...
Imploras...

Encontro tua fonte...
e vou lá no fundo beber tua água...
muita água...
e trago prá dentro de mim...
saciando a sede de teu sabor.
Eu mordo... tudo.
A língua .
Chego no ponto certo.
A boca...
A língua...
Os dentes...
Tu gritas....

Inicias um frêmito crescente...
Puxo teu corpo
para cima do meu.
Com os dedos afasto teus lábios
e entro em ti até o fundo.
Tu me engoles..
Me comes...
O ritmo cresce....

Um grito da alma...
No fundo... paramos.
As bocas se igualam...
Te encho de leite.
Lagrimas... soluços...
Abraço apertado...
Carinho...
- Te amo. Relaxas...
Adormeces em cima de mim.

domingo, 2 de novembro de 2014

Livro do Desassossego

Entrei no barbeiro no modo do costume, com o prazerde me ser fácil entrar sem constrangimento nas casas conhecidas. A minha sensibilidade do novo é angustiante: tenho calma só onde já tenho estado.
Quando me sentei na cadeira, perguntei, por um acaso que lembra, ao rapaz barbeiro que me ia colocando no pescoço um linho frio e limpo, como ia o colega da cadeira da direita, mais velho e com espírito, que estava doente. Perguntei-lhe sem que me pesasse a necessidade de perguntar: ocorreu-me a oportunidade pelo local e a lembrança. "Morreu ontem", respondeu sem tom a voz que estava por trás da toalha e de mim, e cujos dedos se erguiam da última inserção na nuca, entre mim e o colarinho. Toda a minha boa disposição irracional morreu de repente, como o barbeiro eternamente ausente da cadeira ao lado. Fez frio em tudo quanto penso. Não disse nada.

photo: rogério barroso. Foto nº 1916 - Teleférico.

Vá-se lá saber porquê?


Nuno Crato o ministro que fica na história como um erro crasso de político!

Lição de História Pátria

Sabias - disse-me ela fazendo-me a punheta -
que muito valentão entala a costeleta
e que entre os nossos reis, valorosos guerreiros,
muitos houve que foram famosos paneleiros
que entre duras batalhas e esforçados trabalhos
recheavam o cu com túrgidos caralhos.
Sabias por acaso que o primeiro Pedro, o Cru,
mais que a foder gozou indo levar no cu?
E que o primeiro Afonso que à mãe não perdoava
se deixava montar por Fernão Peres de Trava?
E quantos, ah! ó quantos grandes deste país
fizeram do cu vaso para meter a raiz?
Cuidado! gritei eu afagando-lhe o lombo -
faz isso com mais calma que os colhões não são bombo.
Desculpa - disse-me ela. - Depois continuou
revelando-me a rir que o seu próprio avô
que morrera com fama de grande putanheiro
passara toda a vida a levar no traseiro.
E a Igreja? - gritou - Do padre ao cardeal
toda ela se entregou à banana fatal
e a esse mesmo fruto que faz de um cu vulcão
se entrega toda a cáfila que governa a nação :
ministros, secretários e directores-gerais
todos abrigam pichas nos albergues anais...
E safou-se Salazar de ser também rabicho
porque nesse momento gritei e vim-me em esguicho.