Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

LIVRO DO DESASSOSSEGO

Todo o dia, em toda a sua desolação de nuvens leves e mornas, foi ocupado pelas informações de que havia revolução.
Estas notícias, falsas ou certas, enchem-me sempre de um desconforto especial, misto de desdém e de náusea física.
Dói-me na inteligência que alguém julgue que altera alguma coisa agitando-se. A violência, seja qual for, foi sempre para mim uma forma esbugalhada de estupidez humana. Depois, todos os revolucionários são estúpidos, como, em grau menor, porque menos incômodo, o são todos os reformadores.
Revolucionário ou reformador — o erro é o mesmo. Impotente para dominar e reformar a sua própria atitude para com a vida, que é tudo, ou o seu próprio ser, que é quase tudo, o homem foge para querer modificar os outros e o mundo externo. Todo o revolucionário, todo o reformador, é um evadido. Combater é não ser capaz de combater-se.
Reformar é não ter emenda possível.

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