Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve

sábado, 31 de maio de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1742 - Girona.

Frases de Fernando Pessoa


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1741 - Barcelona.

EL ESTADO SOY YO


Particularidades 1

Na plena solidão de um amplo descampado, 
penso em ti e que tu pensas em mim suponho;
tenho toda afeição de um arbusto isolado,
abstrato o olhar, entregue à delícia de um sonho.

O Vento, sob o céu de brumas carregado,
passa, ora langoroso, ora forte, medonho!
e tanto penso em ti, ó meu ausente amado!
que te sinto no Vento e a ele, feliz, me exponho.

Com carícias brutais e com carícias mansas,
cuido que tu me vens, julgo-me toda nua...
– sou árvore a oscilar, meus cabelos são franças...

E não podes saber do meu gozo violento,
quando me fico assim, neste ermo, toda nua,
completa-te exposta à Volúpia do Vento!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Vá-se lá saber porquê?

Este PS não tem salvação! A culpa deve-se ao facto de as diferenças programáticas com o PSD praticamente não existirem! António Costa, António José Seguro, são ambos farinha do mesmo saco!

Frases de Fernando Pessoa


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1740 - Barcelona.

E agora?

Era presumível, depois da baixa notação das eleições, que António José Seguro tivesse o destino marcado. Mas não era previsível que o bota-abaixo ocorresse a escassas horas da minguada vitória. A verdade é que Seguro não era o homem indicado para as circunstâncias. António Costa sê-lo-á? É uma escolha evidente, e ele próprio manifestou reservas quanto ao resultado da votação e não entrou na pública ufania de Seguro. A estocada final foi desferida por Mário Soares (ontem, em artigo publicado no DN), que não leva desaforo para casa, e fora deliberadamente ignorado pelo pobre secretário-geral, cuja imprevidência, neste e em outros casos, roça a infantilidade.
As eleições para as europeias constituem uma espécie de "primárias" das legislativas, destinadas, historicamente, a tomar o pulso à situação. A direita cá do sítio sofreu um abanão e os semblantes dos seus mais distintos expressavam a dor dos sentidos afectados. Porém, os quatro pontos que separam o PS da Aliança Portugal não podiam deixar de desassossegar quem se interessa pelas regras da arte. No interior do próprio partido ganhador, a bonança não criou morada. E tornou-se cada vez mais evidente que Seguro não era o homem adequado à situação, tanto mais sabendo-se que a coligação já começou a preparar a contra-ofensiva.

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1739 - Porto.

Vá-se lá saber porquê?

Por mais explicações que me dêem não entendo, como é que um povo tão duramente castigado, não se aproveitou da arma do voto, para castigar quem tão os mal tratou, proferindo ficar em casa, abestendo-se. Não têm o direito nos tempos mais próximos de se lastimarem por passarem por dificuldades! 

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1738 - à descoberta do Porto.

Wild Beasts - Mecca

Nos dam libertad de expresión...


by Kalvellido

Súcubo

Desde que te amo, vê, quase infalivelmente, 
Todas as noites vens aqui. E às minhas cegas
Paixões, e ao teu furor, ninfa concupiscente,
Como um súcubo, assim, de fato, tu te entregas...

Longe que estejas, pois, tenho-te aqui presente.
Como tu vens, não sei. Eu te invoco e tu chegas.
Trazes sobre a nudez, flutuando docemente,
Uma túnica azul, como as túnicas gregas...

E de leve, em redor do meu leito flutuas,
Ó Demônio ideal, de uma beleza louca,
De umas palpitações radiantemente nuas!

Até, até que enfim, em carícias felinas,
O teu busto gentil ligeiramente inclinas,
E te enrolas em mim, e me mordes a boca!

terça-feira, 27 de maio de 2014

Frases de Agostinho da Silva


LOS PÁJAROS NASCIDOS EN JAULA CREEN QUE VOLAR ES UNA ENFERMEDAD


Lésbia

Cróton selvagem, tinhorão lascivo, 
planta mortal, carnívora, sangrenta,
da tua carne báquica rebenta
a vermelha explosão de um sangue vivo.

Nesse lábio mordente e convulsivo,
ri, ri, risadas de expressão violenta
o Amor, trágico e triste, e passa, lenta,
a morte, o espasmo gélido, aflitivo...

Lésbia nervosa, fascinante e doente,
cruel e demoníaca serpente
das flamejantes atrações do gozo.

Dos teus seios acídulos, amargos,
fluem capros aromas e os letargos,
os ópios de um luar tuberculose...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Vá-se lá saber porquê?

Quem não sabe ler, vota num qualquer!

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1737 - urbano.

Frases de Fernando Pessoa


O Gageiro da nossa História

Um programador insensível e néscio fez projectar, para domingo último, às 22 e 20, no segundo canal da RTP, um admirável documentário de António-Pedro Vasconcelos sobre Eduardo Gageiro. Nesse mesmo tempo, a SIC exibia os Globos de Ouro, e comentadores preocupados discreteavam, filosoficamente, sobre a Taça de Portugal. Para quem ignora, para quem não quer saber, para os ressentidos e despeitados, Eduardo Gageiro é um dos maiores repórteres-fotográficos do mundo, cuja sensibilidade vive a par de um carácter amiúde combativo porque decente e asseado. António-Pedro viu muito bem a natureza rara deste grande artista, e conseguiu pô-lo a falar com límpida transparência, fornecendo-nos, e outros deponentes, a grandeza de um homem que, através da fotografia, tem revelado, como nenhum outro, a História de Portugal das seis últimas décadas. E que História! Eis a dor, o sofrimento, a fome e a miséria, a morte sem remorso nem remissa de um povo amado, comovidamente amado, por uma câmara que escolhe, selecciona, toma partido nítido e sem reserva pelos pés-descalços. É o Portugal que há, a pátria que temos e que Gageiro, com muitos mais, quis transformar. Tristemente, no final do documentário, diz: e chegámos a isto! O encontro de Vasconcelos com Gageiro é um momento extraordinário da nossa vida moral e cultural. O cineasta, não o esqueçamos!, é um intelectual extremamente culto (stendhaliano de mão diurna e mão nocturna), e as relações que estabelece entre a obra de Gageiro e a literatura e o cinema não são inócuas. Por exemplo: na parte final, quando o fotógrafo fala da doença que o assaltou e das imagens palustres que fixou, como se dissesse adeus à vida, as semelhanças entre o Tarkovsi de "Nostalghia" não são referências fortuitas.

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1736 - sombras.

Vá-se lá saber porquê?

Que a irrevogabilidade da cretinice seja fortemente castigada nas próximas eleições europeias!
Refiro-me como é óbvio ao demagogo do Paulo Portas. Os pensionistas e, reformados devem ter memória! 

Pensamento do dia


Na penumbra

Raiava, ao longe, em fogo a lua nova,
Lembras-te?... apenas reluzia a medo,
Na escuridão crepuscular da alcova
O diamante que ardia-te no dedo...

Nesse ambiente tépido, enervante,
Os meus desejos quentes, irritados,
Circulavam-te a carne palpitante,
Como um bando de lobos esfaimados...

Como que estava sobre nós suspensa
A pomba da volúpia; a treva densa
Do teu olhar tinha tamanho brilho!

E os teus seios que as roupas comprimiam,
Tanto sob elas, túmidos, batiam,
Que estalavam-te o flácido espartilho!

terça-feira, 20 de maio de 2014

Vá-se lá saber porquê?

Porque andará tão nervoso Paulo Portas? No final da campanha tirou da cartola, não um coelho, esse já cheira mal, mas o Sócrates; apela ao povo (qual povo?) que não vote PS, está nervoso porque prevê uma estrondosa derrota. O até aqui partido do táxi, passará doravante a ser o partido do Smart!

O Sonho Comanda a Vida!

O início de um projecto de ilustração!

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1735 - Maio mês de luta.

Face

Antropofagia

Mulher! ao ver-te nua, as formas opulentas
Indecisas luzindo à noite, sobre o leito,
Como um bando voraz de lúbricas jumentas,
Instintos canibais refervem-me no peito.

Como a besta feroz a dilatar as ventas
Mede por dar-lhe o bote ajeito,
Do meu fúlgido olhar às chispas odientas
Envolvo-te, e, convulso, ao seio meu t'estreito:

E ao longo de teu corpo elástico, onduloso,
Corpo de cascavel, elétrico, escamoso,
Em toda essa extensão pululam meus desejos,

– Os átomos sutis, – os vermes sensuais,
Cevando a seu talante as fomes bestiais
Nessas carnes febris, – esplêndidos sobejos!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

# Los Campeones de la hipocresia


Satânia (trecho)

Nua, de pé, solto o cabelo às costas,
Sorri na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
De áureas ondas tranqüilas e impalpáveis,
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha palpitante e viva.
Entra, parte-se em feixes rutilantes,
Aviva as cores das tapeçarias,
Doura os espelhos e os cristais inflama.
Depois, tremendo, como a arfar, desliza
Pelo chão, desenrola-se, e, mais leve,
Como uma vaga preguiçosa e lenta,
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco.
Sobe... cinge-lhe a perna longamente;
Sobe... – e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! – prossegue.
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca,
E antes de se ir perder na escura noite,
Na densa noite dos cabelos negros,
Pára confusa, a palpitar, diante
Da luz mais bela dos seus grandes olhos.

domingo, 18 de maio de 2014

Frases de Fernando Pessoa


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1735 - Maio mês de luta.

Vá-se lá saber porquê?

Defende no estrangeiro o que não defende no seu país; jurou defender e respeitar a Constituição do país e, por mais de uma vez, promulgou Orçamentos feridos de constitucionalidade...

Vá-se lá saber porquê?

Promete, está prometido!

Tori Amos - Trouble's Lament @ Berlin 2014

Beijo eterno

Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo,
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!

Fora, repouse em paz
Dormindo em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!

...

Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!

Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!

sábado, 17 de maio de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1734 - Oceanário de Barcelona.

FOTOS DE AMIGOS


photo: inês barroso. Foto nº 1733 - Valência.

Pensamento do dia



FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1732 - Janela.

Frases de Fernando Pessoa



Elis Regina E Jair Rodrigues - Pout Pourri - Dois Na Bossa, 1965 (com le...

HALCONES AL ATAQUE


by La Pampa Existe

Inspirações do claustro (trechos)

Aqui – já era noite... eu reclinei-me
Nas moles formas do virgíneo seio:
Aqui – sobre ela eu meditei amores
Em doce devaneio.

Aqui – inda era noite... eu tive uns sonhos
De monstruosa, de infernal luxúria:
Aqui – prostrei-me a lhe beijar os rastros
Em amorosa fúria.

...

Aqui – era manhã... via-a sentada
Sobre o sofá – voluptuosa um pouco:
Aqui – prostrei-me a lhe beijar os rastros
Alucinado e louco.

...

Aqui – oh quantas vezes! ... eu a tive
Unida a mim – a derreter-se em ais:
Aqui – ela ensinou-me a ter mais vida,
Sentir melhor e mais.

Aqui – oh quantas vezes!... eu a tive
Em acessos de amor desfalecida!
Lasciva e nua – a me exigir mais gostos
Por sobre mim caída!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1731 - Lisboa, minha cidade.

Buitres o gaviotas?


Boa-noite

Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio...
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.

Boa noite!... E tu dizes – Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não me digas descobrindo o peito,
– Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve.. a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
...Quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."

É noite ainda! Brilha na cambraia
– Desmanchado o roupão, a espádua nua –
o globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua...

É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas...
– São as asas do arcanjo dos amores.

A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!

Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...

Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
– Boa noite! –, formosa Consuelo...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Frases de Agostinho da Silva


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1730 - Barcelona.

Pensamento do dia

Quer pouco: terás tudo. Quer nada: serás livre” 

66 Aniversario de Al-Nakba


Moreninha (trechos)

Tu, ontem, vinhas do monte
E paraste ao pé da fonte
À fresca sombra do til;
Regando as flores, sozinha,
Nem tu sabes, Moreninha,
O quanto achei-te gentil!

Depois segui-te calado
Como o pássaro esfaimado
Vai seguindo a juriti
Mas tão pura ias brincando,
Pelas pedrinhas saltando,
Que eu tive pena de ti!

E disse então: – Moreninha,
Se um dia tu fores minha,
Que amor, que amor não terás!
Eu dou-te noites de rosas
Cantando canções formosas
Ao som dos meus ternos ais.

...

Morena, minha Morena,
És bela, mas não tens pena
De quem morre de paixão!
– Tu vendes flores singelas
E guardas as flores belas,
As rosas do coração?!...

Moreninha, Moreninha,
Tu és das belas rainha,
Mas nos amores és má;
– Como tu ficas bonita
Com as tranças presas na fita,
Com as flores no samburá!

Eu disse então: – "Meus amores,
"Deixa mirar tuas flores
"Deixa perfumes sentir!"
Mas naquele doce enleio,
Em vez das flores, no seio,
No seio te fui bulir!

Como nuvem desmaiada
Se tinge de madrugada
Ao doce albor da manhã;
Assim ficaste, querida,
A face em pejo acendida,
Vermelha como a romã!

Tu fugiste, feiticeira,
E decerto mais ligeira
Qualquer gazela não é;
Tu ias de saia curta...
Saltando a moita de murta
Mostraste, mostraste o pé!

Ai! Morena, ai! meus amores,
Eu quero comprar-te as flores,
Mas dá-me um beijo também;
Que importa rosas do prado
Sem o sorriso engraçado
Que a tua boquinha tem?

Apenas vi-te, sereia,
Chamei-te – rosa da aldeia
Como mais linda não há.
Jesus! como eras bonita
Com as tranças presas na fita,
Com as flores no samburá!

quarta-feira, 14 de maio de 2014

TERRORISM


by Osval

O ofício de ser português

Ser português não é, somente, uma nacionalidade: é um rude e dificultoso ofício, cujo exercício deixa os seus praticantes depauperados e atormentados. Tudo aquilo que constituía o edifício moral da sociedade foi depredado pela mentira, pelo embuste e pela malevolência. A pecha é transversal: todos os sectores têm sido atingidos e creio ser extremamente difícil remover a nódoa. Começou a campanha eleitoral, e o propósito de esclarecer não melhorou. Como acreditar nos que, até agora, apenas acirraram os nossos desgostos, aumentaram os nossos sofrimentos e acrescentaram o ódio às nossas raivas? A imprensa perdeu o viço e nada esclarece, como lhe competia, a fim de racionalizar o que as televisões noticiam. Os rostos mortos daqueles que tais surgem nos ecrãs com uma persistência que revela a preguiça e a ignorância de quem os alimenta. Perdeu--se o lado humano da vida e admitiu-se como fundamental e regra o número a estatística, a futilidade vaporosa que oculta a verdadeira natureza das coisas.

Malva-maçã (trechos)

De teus seios tão mimosos
quem gozasse o talismã!
Quem ali deitasse a fronte
cheia de amoroso afã!
E quem nele respirasse
a tua malva-maçã!

Dá-me essa folha cheirosa
que treine no seio teu!
Dá-me a folha... hei de beijá-la
sedenta no lábio meu!
Não vês que o calor do seio
tua malva emurcheceu...

A pobrezinha em teu colo
tantos amores gozou,
viveu em tanto perfume
que de enlevos expirou!
Quem pudesse no teu seio
morrer como ela murchou!

Teu cabelo me inebria,
teu ardente olhar seduz;
a flor dos teus olhos negros
de tua alma raia à luz,
e sinto nos lábios teus
fogo do céu que transluz!

O teu seio que estremece
enlaguece-me de gozo.
Há um quê de tão suave
no colo voluptuoso,
que num trêmulo delíquio
faz-me sonhar venturoso!

Descansar nesses teus braços
fora angélica ventura:
fora morrer – nos teus lábios
aspirar tua alma pura!
Fora ser Deus dar-te um beijo
na divina formosura!

Mas o que eu peço, donzela,
meus amores, não é tanto!
Basta-me afolha do seio
para que eu viva no encanto,
e em noites enamoradas
eu verta amoroso pranto!

Oh! virgem dos meus amores,
dá-me essa folha singela!
Quero sentir teu perfume
nos doces aromas dela...
E nessa malva-maçã
sonhar teu seio, donzela!

Uma folha assim perdida
de um seio virgem no afã
acorda ignotas doçuras
com divino talismã!
Dá-me do seio esta folha
– a tua malva-maçã!

Quero apertá-la a meu peito
e beijá-la com ternura...
Dormir com ela nos lábios
desse aroma na frescura...
Beijando-a sonhar contigo
e desmaiar de ventura!

A folha que tens no seio
de joelhos pedirei...
Se posso viver sem ela
não o creio!... Oh, eu não sei!...
Dá-ma pelo amor de Deus,
que sem ela morrerei.

Pelas estrelas da noite,
pelas brisas da manhã,
por teus amores mais puros,
pelo amor de tua irmã,
dá-me essa folha cheirosa
– a tua malva-maçã!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Frases de Fernando Pessoa


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1729 - Maio mês de luta!

QUÍTATE LA SOGA NO LES VOTES


by Artsenal

Seio de virgem (trecho)

0 que eu sonho noite e dia, 
O que me dá poesia
E me torna a vida bela,
O que num brando roçar
Faz meu peito se agitar,
E o teu seio, donzela!

Oh! quem pintara o cetim
Desses limões de marfim,
Os leves cerúleos veios
Na brancura deslumbrante
E o tremido de teus seios?

Ouando os vejo, de paixão
Sinto pruridos na mão
De os apalpar e conter...
Sorriste do meu desejo?
Loucura! bastava um beijo
Para neles se morrer!

quinta-feira, 8 de maio de 2014

SABES ALGO SOBRE LA CRISIS ALIMENTARIA?

Eshpañolesh! Ya se vishlumbra el túnel al final de la luz!


Ariel

Êxtase no escuro,
E um fluir azul sem substância
De penhasco e distâncias.

Leoa de Deus,
Nos tornamos uma,
Eixo de calcanhares e joelhos! – O sulco

Fende e passa, irmã do
Arco castanho
Do pescoço que não posso abraçar,

Olhinegra
Bagas cospem escuras
Iscas –

Goles de sangue negro e doce,
Sombras.
Algo mais

Me arrasta pelos ares –
Coxas, pêlos;
Escamas de meus calcanhares.

Godiva
Branca, me descasco –
Mãos secas, secas asperezas.

E agora
Espumo com o trigo, reflexo de mares.
O grito da criança

Escorre pelo muro
E eu
Sou flecha,

Orvalho que avança,
Suicida, e de uma vez se lança
Contra o olho

Vermelho, fornalha da manhã.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Vá-se lá saber porquê?

O SLB (Glorioso) vai fazendo do pela vida, na tentativa da conquista das finais em que está presente.
O povo vai regojizando com a hipótese, vai aclamando o Glorioso e, os patifes que nos (des)governam assobiam para o lado, dizendo ainda bem que há o SLB... 

FOTOS MINHAS


photo:rogério barroso. Foto nº 1728 - Lisboa, minha cidade!

Pensamento do dia

Limpa, suja ou encardida?

Uma pessoa de recta consciência não pode deixar de se indignar, com nojo e abominação, ante o cerimonial em que o inexcedível Passos Coelho anunciou a "saída limpa" da nossa subalternidade. A comunicação social e os comentadores estipendiados usaram, como na Idade Média, tubas e atabales de regozijo perante tão fausto acontecimento. E o primeiro-ministro, useiro e vezeiro em manter com a verdade uma relação conflituosa, disse a um país perplexo a seguinte bojarda: "A liberdade de decisão foi reconquistada."
A simulação da realidade brada aos céus. Portugal continuará, por mais algumas décadas, sob vigilância apertada, e a gulodice daqueles indicados nossos "credores" não se apaziguará. Os portugueses não sabem a quem devem dinheiro; mas, parafraseando a frase imortal daquele banqueiro impante, agressivo e tolo, lá que devem, devem.
Continuamos, pois, imersos na miséria, na fome e no desespero sem esperança. Um pequeno grupo de burocratas ignorantes prosseguirá na tarefa infame de dar ordens a quem quer que esteja no Governo. Nada sabe da nossa história, da nossa cultura, das idiossincrasias que, apesar de tudo, nos diferenciam. Um deles fez uma declaração comovente: iria voltar a Portugal, como turista, por causa dos pastéis de nata de Belém! A rede foi estendida com sagaz competência, e as estruturas do capitalismo tornaram-se cada vez mais vorazes, porque não confrontadas com um antagonismo competente e sólido. O "socialismo democrático" é uma desgraça por toda a Europa; há governos que o são sem estar avalizados pelo voto, como acontece em Itália. A indigência moral, política e ideológica da "esquerda moderada" abriu caminho à avalancha da extrema-direita, cuja soberba começa a ser assustadora.

Países patrocinadores del terrorismo internacional


by Osval

Febre, 40°

Pura? Como assim?
As línguas do inferno
São sujas, sujas como as três

Línguas do sujo e gordo Cérbero
Que arfa ao portão. Incapaz
De lamber e limpar

O membro em febre, o pecado, o pecado.
A chama chora.
O cheiro inconfundível

De um toco de vela!
Amor, amor, a fumaça escapa de mim
Como a écharpe de Isadora, e temo

Que uma das pontas ancore-se na roda.
Uma fumaça amarela e lenta assim
faz de si seu elemento. Não vai subir,

Mas envolver o globo
Sufocando o velho e o oprimido,
O frágil

Bebê em seu berço,
Orquídea pálida
Suspensa em seu jardim suspenso no ar,

Leopardo diabólico!
A radiação o embarque
E o mata em uma hora.

Engordurando os corpos dos adúlteros
Como as cinzas de Hiroshima que os devora.
O pecado. O pecado.

Meu bem, passei a noite
Me virando, indo e vindo, indo e vindo,
Os lençóis me oprimindo como o beijo de um devasso.

Três dias. Três noites.
Limonada, canja
Aguarda, água me deixe enjoada.

Sou pura demais pra você ou pra qualquer um.
Seu corpo
Me ofende como o mundo ofende Deus. Sou uma lanterna –

Minha cabeça uma lua
De papel japonês, minha pele folheada a ouro
Infinitamente delicada e infinitamente cara.

Meu calor não te assusta. Nem minha luz.
Sou uma camélia imensa
Que oscila e jorra e brilha, gozo a gozo.

Acho que estou chegando,
Acho que posso levantar –
Contas de metal ardente voam, e eu, amor, eu

Sou uma virgem pura
De acetileno
Cercada de rosas,

De beijos, de querubins,
Ou do que sejam essas coisas róseas.
Não você, nem ele,

Não ele, nem ele
(Eu me dissolvo toda, anágua de puta velha) –
Ao Paraíso.

terça-feira, 6 de maio de 2014

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Uma na ferradura, outra na impostura

A verdadeira comemoração do 25 de Abril começa agora. E vai durar dois anos. No mínimo.
Aparentemente, toda a gente comemorou este 25 de Abril.
Comemorando-o, de facto.
Ou fazendo, dele, uma fotocópia.
E afixando-a na janela ou na montra.
Auto-atestatoriamente.  
Como para os alugueres.
Tudo isto, dentro desta meia táctica, meia estratégia que é a convergência.
Aquela que se procura impor, pelo menos, a um dos chamados partidos do arco da governação.
Comprometendo-o.
Quando, na verdade, é tudo dramática e implacavelmente simples.
O desumanismo tem nojo do humanismo.
Nojo visceral.
O humanismo só pode ter, perante a impiedade do desumanismo, um extremo desconforto.
Humanismo em geral e humanismo cristão.
Correndo o Vaticano o risco de ser, cada vez mais, um enclave.
E o resto moral do mundo.

Qué opina de nuestra Democracia?


Anônimo

Sou linda; quando no cinema você roça 
o ombro em mim aquece, escorre, já não sei mais
quem desejo, que me assa viva, comendo
coalhada ou atenta ao buço deles, que ternura
inspira aquele gordo aqui, aquele outro ali, no
cinema é escuro e a tela não importa, só o lado,
o quente lateral, o mínimo pavio. A portadora
deste sabe onde me encontro até de olhos
fechados; falo pouco; encontre; esquina de
Concentração com Difusão, lado esquerdo de
quem vem, jornal na mão, discreta.

domingo, 4 de maio de 2014

Vá-se lá saber porquê?


  1. O mesmo ministro que anunciou que, a sua demissão era irrevogável e, que não pisaria a linha vermelha da TSU e, teimosamente continua a afirmar não ter havido aumento de impostos, gaba-se da saída limpa. Limpinho, limpinho' era se ele assumisse de fez que, não passa de um cretino!

Frases de Fernando Pessoa


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1725 - Maio, mês de luta!

Epitáfio

Aqui jaz o Sol
Que criou a aurora
E deu luz ao dia
E apascentou a tarde

O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou.

Aqui jaz o Sol
O andrógino meigo
E violento, que

Possuiu a forma
De todas as mulheres
E morreu no mar.