Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve

domingo, 29 de junho de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1778 - Cerâmica.

Dizer que Não - Lúcia Moniz

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1777 - Artesanato de Niza.

Livro do Desassossego

Atiro com a caixa de fósforos, que está vazia, para o abismo que a rua é para além do parapeito da minha janela alta sem sacada. Ergo-me na cadeira e escuto. Nitidamente, como se significasse qualquer coisa, a caixa de fósforos vazia soa na rua que [se] me declara deserta. Não há mais som nenhum, salvo os da cidade inteira. Sim, os da cidade dum domingo inteiro — tantos, sem se entenderem, e todos certos.

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1776 - Procissão.

Apesar de teres colhões depilados...

IX,27

Apesar, ó Cresto, de teres colhões depilados,
um caralho que parece um pescoço de abutre,
uma cabeça mais lisa que cu de prostituta,
de não teres nas pernas o mais ligeiro pêlo,
de sempre aos lábios brancos aplicares a pinça,
falas constantemente em Cúrios e Camilos,
em Quíncios, Numas e Ancos, esses heróis cabeludos
de que os livros estão cheios, e com palavras duras
lanças ameaças e investes com teatros e modas!
Mas se acaso te surge à frente algum panasca
recém-saído das mãos do pedagogo,
cujo pénis já inchado o técnico soltou
logo o chamas e o levas, e … Quase tenho vergonha, ó Cresto,
de dizer o que faz essa língua de Catão!

sábado, 28 de junho de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1775 - Parque das Nações.

Livro do Desassossego

Lento, no luar lá fora da noite lenta, o vento agita coisas que fazem sombra a mexer. Não é talvez senão a roupa que deixaram estendida no andar mais alto, mas a sombra, em si, não conhece camisas e flutua impalpável num acordo mudo corn tudo.

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1774 - Oceanário de Lisboa.

Frases de Fernando Pessoa

Quer pouco: terás tudo. Quer nada: serás livre” 

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1773 - Peixes.

Toby Keith - I Love This Bar

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1772 - peixes.

Filénis, mulher-homem, enraba putos

VII,67

Filénis, mulher-homem, enraba putos
e, mais ardente que macho entesado,
devora por dia onze raparigas.
De saia arregaçada, joga à bola,
coberta de pó, e com braço fácil
maneja halteres pesados para maricas.
Da palestra poeirenta sai enlameada,
e submete-se às pancadas e ao óleo do massagista.
Não janta, não se reclina junto à mesa
sem antes vomitar umas boas litradas,
e outro tanto se dispõe desde logo a beber
mal engole dúzia e meia de almôndegas.
Depois de tudo isto, quando volta ao deboche,
não brocha (acto que julga pouco viril),
mas põe-se a devorar o sexo às raparigas.
Possam os deuses, Filénis, restituir-te o juízo,
tu que achas próprio de homens lamber conas!

sexta-feira, 27 de junho de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1771 - peixes.

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1770 - pinguim.

Frases de Agostinho da Silva

Quem inveja vida boa de gato esquece que, se o fosse e a tivesse, jamais o saberia.” 

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1769 - Raia.

TTIP


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. foto nº 1768 - peixe lua.

Livro do Desassossego

Vivemos todos longínquos e anônimos; disfarçados, sofremos desconhecidos. A uns, porém, esta distância entre um ser e ele mesmo nunca se revela; para outros é de vez em quando iluminada, de horror ou de mágoa, por um relâmpago sem limites; mas para outros ainda é essa a dolorosa constância e quotidianidade da vida.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1767 - cardume.

Sophia de Mello Breyner homenageada na Casa da Música


A escritora Sophia de Mello Breyner Andresen vai ser homenageada hoje, num "Porto de Encontro", na Casa da Música, que conta com lotação esgotada, segundo a organizadora da iniciativa, a Porto Editora.
A sessão vai iniciar-se às 21:30, com moderação do jornalista Sérgio Almeida e participação de familiares - os filhos Maria Andresen e Miguel Sousa Tavares e a sobrinha Teresa Andresen - do professor de literatura Carlos Mendes de Sousa e do actor e encenador Luís Miguel Cintra.
A sessão conta ainda com performances do Balleteatro e leitura de poemas por Luís Miguel Cintra, Luísa Cruz, Dora Rodrigues e João Paulo Sousa.

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1767 - Tubarão.

Nunca disse que fosses panasca...

IV,43

Nunca disse, ó Coracino, que tu fosses panasca:
não sou tão temerário ou descarado
que me ponha a mentir sem mais aquelas!
Se eu disse, ó Coracino, que tu eras panasca,
que me destrua o frasco de veneno de Pôntia,
que me destrua o cálice de veneno de Metílio.
Juro-te pelos inchaços sírios,
Juro-te pelos furores berecíntios!
O que eu de facto disse, é coisa sem importância,
de todos conhecida, que nem tu mesmo negarás:
só disse que és, Coracino, um lambe-conas!

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1766 - Raia.

A contenda no PS

A briga no PS pode ser críptica se confundirmos o seu significado. Que querem, um e outro, António Costa e António José Seguro? A briga é, apenas, mera e indecorosa questão do poder pelo poder ou, antes, um problema ideológico? Seguro fez um trajecto cauteloso e astuto no PS. Calou-se e colocou-se de atalaia, sem nunca manifestar opinião sobre os desenvolvimentos da política de José Sócrates. E saltou para a arena quando Sócrates foi cercado. Como têm dito dirigentes do PSD e comentadores de direita, como o Marcelo ou o Marques Mendes, ele é proveitoso às políticas de Passos Coelho. Os próprios resultados das eleições para a Europa provaram que o português médio fora prudente na decisão. A verdade é que António Costa, goste-se ou não do estilo e da oportunidade, provém de outro forno e traz consigo outra marca. As afirmações que tem produzido induzem-nos a pensar, acaso precipitadamente, estar disposto a reformular a estratégia "socialista" firmada por Seguro, e a estabelecer acordos e compromissos à esquerda.
Não acompanho a comoção dos que viram na simbologia do punho esquerdo cerrado e da reintrodução dos vocábulos "socialismo" e "classe operária" o regresso à pureza inicial do léxico "revolucionário". O PS é o que é e o que sempre foi. Precisa é de mais vergonha na cara e de escrúpulo e pudor no comportamento, ele, que se associou, durante anos seguidos, à direita no seu pior e mais execrável. Acontece um porém: na aparência, António Costa demonstra uma conduta ideológica que define um estilo e assinala uma diferença. Mas a política é uma comédia de enganos e já vi muito para ir atrás do banjo de qualquer suserano. Aguardo para conhecer as cartas.

terça-feira, 24 de junho de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1765 - rã.

Livro do Desassossego

Não é o tédio a doença do aborrecimento de nada ter que fazer, mas a doença maior de se sentir que não vale a pena fazer nada. E, sendo assim, quanto mais há que fazer, mais tédio há que sentir.

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1764 - peixes.

SI NO LE GUSTA LA VERDAD EN BLANCO Y NEGRO, ESCOJA SUS COLOR PREFERIDO


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1763 - Tubarão.

Tu depilas o peito...

II,62

Tu depilas o peito, as pernas e os braços,
à volta do caralho cortas o pêlo curto,
para agradar, Labieno (quem o ignora?) à tua amante.
Mas a quem queres tu agradar, Labieno, ao depilar o cu?

III,71

Dói o caralho ao teu escravo
E a ti, Névolo, o cu.
Mesmo sem ser adivinho
sei bem de que raça és tu!

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 176 - Peixe Lua.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Frases de Agostinho da Silva



FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1761 - Rio Tejo.

LA ESTUPIDEZ MÁS GRANDE DEL MUNDO


FOTOS MINHAS


photo:rogério barroso. Foto nº 1760 - Cais das Colunas.

Se a coisa te não maça ou enfastia...

I,97

Se a coisa te não maça ou enfastia, escazonte
eu te peço, ao meu caro Materno estas breves palavras
diz ao ouvido, de modo que ele apenas oiça.
Aquele apreciador de capotes sombrios,
que se veste de lã e de trajes conzentos,
que chama aos que usam roupas vermelhas maricas
e acha os tecidos cor de ametista próprios de mulheres,
por mais que gabe as vestes simples, e sempre use
sombrias cores, é esverdeado nos costumes.
Por que o julgo invertido?, perguntarás tu.
Tomamos banho juntos: nunca olha para cima,
mas com olhos vorazes contempla os paneleiros
e cresce-lhe água na boca ao ver caralhos.
Queres saber quem é ele? Já me escapou o seu nome.

domingo, 22 de junho de 2014

Vá-se lá saber porquê?

A poucas horas de fazerem as malas!

FOTOS DE AMIGOS


photo: ines serpa. Foto nº 1759 - Parque Tejo.

Pensamento do dia



FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1758 - Parque Tejo.

Como nunca te vi cercada de homens...

I,91

Como nunca te vi, ó Bassa, cercada de homens
e de nenhuma amante as más-linguas te acusavam,
e como à tua volta só havia donzelas
prontas ao teu serviço, mas de macho… nem cheiro,
cheguei, confesso, a crer-te uma Lucrécia.
Mas afinal, Bassa, – que horror! – tu fodia-las todas,
tu ousavas fazer amor cona com cona,
quase parecias um homem, ó Venus monstruosa!
Forjaste um enigma digno da tebana esfinge:
como haver adultério onde não existe homem!

Livro do Desassossego

Se eu tivesse o mundo na mão, trocava-o, estou certo, por um bilhete para [a] Rua dos Douradores.

sábado, 21 de junho de 2014

Ya mestáis hinchando los Borbones!


Que sejam os meus versos pouco sérios


I,36

Que sejam os meus versos pouco sérios,
tais que o mestre os não pode ler na escola,
tu lamentas, Cornélio. Porém os meus livrinhos,
tal como às suas consortes os maridos,
não podem sem caralho dar prazer.
Como escrever lascivo canto nupcial
sem usar lascivos termos nupciais?
Quem com traje de jogos florais, às meretrizes
permite que tenham seriedade de matronas?
Estes ligeiros poemas a uma lei obedecem:
apenas dão prazer se forem excitantes.
Por isso dá ao demo a seriedade,
não condenes, te peço, as minhas brincadeiras,
e tira da ideia castrar os meus livrinhos.
Nada há mais torpe que um Priapo capado!

quinta-feira, 12 de junho de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1757 - A Sagrada Família.

Sem guarda à porta...

I,35

Sem guarda à porta, com os batentes escancarados, ó Lésbia,
é que te apraz fazer amor, acto que nunca escondes.
Dá-te mais gozo um espectador do que um amante,
e não te dão prazer os prazeres que se ocultam.
Até a meretriz se esconde, corre a cortina e fecha a porta,
e nem por uma greta se vislumbra o interior do prostíbulo.
Aprende a ter pudor ao menos com Quíone ou com Íade:
até um túmulo serve para esconder tão reles putas.
Acaso te parece excessiva a minha censura, Lésbia?
Acho bem que forniques, em público é que não!

Livro do Desassossego

Devaneio entre Cascais e Lisboa. Fui pagar a Cascais uma contribuição do patrão Vasques, de uma casa que tem no Estoril. Gozei antecipadamente o prazer de ir, uma hora para lá, uma hora para cá, vendo os aspectos sempre vários do grande rio e da sua foz atlântica. Na verdade, ao ir, perdime em meditações abstratas, vendo sem ver as paisagens aquáticas que me alegrava ir ver, e ao voltar perdi-me na fixação
destas sensações. Não seria capaz de descrever o mais pequeno pormenor da viagem, o mais pequeno trecho de visível. Lucrei estas páginas, por olvido e contradição. Não sei se isso é melhor ou pior do que o contrário, que também não sei o que é.
O comboio abranda, é o Cais do Sodré. Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Christine Lagarde es MALÉFICA


Livro do Desassossego

Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

FOTOS MINHAS




photo: rogério barroso. Foto nº 1756 - Tarragona.

Temperatura baja

Esta noche el frío
le pondrá
música a nuestros huesos

hará falta fuego
leña de tus dedos
frotados a los míos

pondré
mi aliento sobre tu aliento
mis manos sobre tus manos
mis silencios sobre tus gritos
mis pálpame sobre tus abrázame

el sueño será capaz
de apagarnos
el rítmico temblor

nos quedaremos dormidos
apretados
sintiendo
saltar el frío
llorando
de calor entre las sábanas. 

EL REÍNO


by Prensa Real (verás)

Livro do Desassossego

O governo do mundo começa em nós mesmos. Não são os sinceros que governam o mundo, mas também não são os insinceros. São os que fabricam em si uma sinceridade real por meios artificiais e automáticos; essa sinceridade constitui a sua força, e é ela que irradia para a sinceridade menos falsa dos outros. Saber iludir-se bem é a primeira qualidade do estadista. Só aos poetas e aos filósofos compete a visão prática
do mundo, porque só a esses é dado não ter ilusões. Ver claro é não agir.

domingo, 8 de junho de 2014

Couple Coffee - Os Vampiros (+lista de reprodução)

FOTOS MINHAS

photo: rogério barroso. Foto nº 1755 - Tarragona.

Livro do Desassossego

Tudo se me evapora. A minha vida inteira, as minhas recordações, a minha imaginação e o que contém, a minha personalidade, tudo se me evapora. Continuamente sinto que fui outro, que senti outro, que pensei outro. Aquilo a que assisto é um espetáculo com outro cenário. E aquilo a que assisto sou eu.

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1754 - Tarragona.

Concierto a puertas cerradas

Con estas manos hechas para ti
quiero
uno a uno tocar
los instrumentos de tu cuerpo

al palparte
me salen tonos
partituras
música en fin
de todas partes

se precisa un golpe
de batuta
para tocarte sin desafinar

estás llena de violines
en ti los pájaros ensayan
sus últimas canciones
en ti debuta una alta fidelidad
que termina
entre mis dedos
haciéndote fraterna

amo tus instrumentos
cuando me inundas de sonidos
cuando tu cuerpo me nombra
el músico más grande

que nadie se sienta herido
– ni bach ni beethoven
ni los trompetistas del juicio final –

eres un concierto
que sólo yo puedo tocar. 

Livro do Desassossego

Respira-se melhor quando se é rico; é-se mais livre quando se é célebre; o próprio ter de um título de nobreza é um pequeno monte. Tudo é artifício, mas o artifício nem sequer é nosso. Subimos a ele, ou levaram-nos até ele, ou nascemos na casa do monte.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1753 - Tarragona.

Una artista convierte en 'body art' 'El origen del mundo' de Courbet


El Museo de Orsay se negó hoy a pronunciarse sobre la polémica intervención de la artista luxemburguesa Deborah de Robertis, que la semana pasada recreó en persona en una de sus salas y sin autorización el cuadro de Gustave Courbet 'El origen del mundo'.
Con un vestido corto de lentejuelas doradas y sin ropa interior, De Robertis se sentó ante la famosa obra, abrió las piernas y, con ayuda de sus manos, mostró su sexo a los visitantes durante varios minutos.
Los trabajadores de ese centro, según se puede ver en el vídeo colgado por la artista en internet, se interpusieron entre ella y el público para obstaculizar la visión y, sin forzarla físicamente a interrumpir el espectáculo, procedieron a desalojar la sala.

LA CONTINUIDAD DEMOCRATICA


FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1752 - Tarragona.

Oratório do corpo (trechos)

Segue os ditames do teu corpo. 
Ele sabe as tuas necessidades.
Atende quando ele grita "liberdade".
Segue teu corpo; ele sabe do que necessita,
sabe os caminhos da fome, do cio, da sede, do sono.
Sê humilde perante o corpo sábio, pois o corpo
pensa de acordo com as raízes mais profundas,
Pode sentir as raízes que te irmanam à criação.

...

O corpo não precisa desencantar-se, não precisa
de fadas, de demiurgos, de paraísos, de infernos.
Se for corpo de mulher, nenhum príncipe é necessário:
só um macho que acredite no sêmen.
como na hóstia de um deus apenas seiva,
e confie o corpo à fêmea como o padre confia o cálice ao altar.
Crê no teu corpo, confia no teu corpo, no corpo do homem,
no corpo da mulher.
Crê no corpo como na única ponte entre os homens;
e que acima do rio variável e enganoso da palavra,
a carne seja como um gesto em perene dádiva.

O corpo é mais antigo e belo do que a Cova de Altamira,
e a gruta do útero pode ser mais funda e clara
do que uma aurora que se abrisse no fundo da terra.

...

Vê, amigo melancólico, como é bela a moça que bota corpo:
ontem era como um coelho, hoje é uma novilha.
E tu, moça, minha amiga não fiques triste
a remoer a utopia dos contos de fadas:
vem comigo. Eu vou te mostrar
a beleza do corpo, o átrio, o pórtico, a nave, o chão, a abóbada!
Quero que escutes o silêncio de cristal do cio saciado, sêmen
semeado com luz
– a mais fértil luz.
Em corpo montarei teu corpo e montarás meu corpo,
e sairemos a galope, o corpo aberto à palavra do vento,
e verás que uma cópula é o mais belo dos corpos de baile, e o
mais equóreo corpo-a-corpo.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Vá-se lá saber porquê?

O gato comeu a língua a Cavaco Silva!

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1751 - Tarragona.

Frases de Fernando Pessoa

"Mudem-me os deuses os sonhos, mas não o dom de sonhar."

FOTOS MINHAS



photo: rogério barroso. Foto nº 1750 - Ruínas Romanas.

HASTA CUANDO VA A DURAR ESTA PARTIDA?


Pélvicas angras

Pélvicas angras
aonde veleja
meu barco ébrio
entre suores.
Meu barco púbico
roçando o porto
de tuas ancas,
nos desesperos.

Se a quilha agito
qual um corcel,
nos descampados
já faço água
neste batel
desgovernado
nos teus desmandos.

Só sigo a viagem,
mais confortado,
quando fundeio
nos teus abraços.

Enfim, assédios
de muitos frêmitos
me desintegram
nos teus penhascos!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Frases de Fernando Pessoa

"O verdadeiro cadáver não é o corpo (...), mas aquilo que deixou de viver(...)"

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1749 - Janela.

Pensamento do dia

"O prémio ao malvado e o castigo ao bom servem para lembrar que nem um nem outro devem ser motivo de procedimento."

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1748 - Murtosa.

As derivas

A crise no PS talvez servisse para aclarar a natureza daquele partido e definir, ideologicamente, o que ele representa, ou quer representar. Não creio que isso vá acontecer. O PS, desde a fundação, anda numa deriva, não apenas doutrinária como de carácter político. Aliou-se ao CDS, ao PSD, criou um "centrão" indefinido e uma rede inextrincável de interesses que invoca, constantemente, para justificar os seus processos e a racionalização das escolhas orçamentais.
Teve, por escasso tempo, um estribilho: "Partido Socialista / Partido Marxista", o punho esquerdo cerrado, e a afirmação de que se destinava a construir uma sociedade fraterna e, naturalmente, sem classes. A referência a um qualquer bem comum e o desiderato de modificar o mundo para alterar a vida "correspondiam ao ar do tempo", como futilmente "esclareceu" um dos fundadores, para justificar as flutuações do partido. Enfim: as coisas são como são, e até o PPD, actual PSD, afinou pelo mesmo diapasão, chegando, mesmo, os seus militantes a tratar-se, amorosamente, por "camaradas."
Esta crise no PS, outra das muitas, resulta dessa ambiguidade ideológica, a que os prosélitos mais conhecidos dissimulam com a retórica da "pluralidade". Afinal, que é ser "socialista"?, num universo dominado pelas leis do "mercado" e por um capitalismo desregularizado (como se o capitalismo alguma vez se deixou ou deixasse "regularizar"). A resposta só pode ser dúbia, porque a própria característica das sociedades se tornou confusa. Mas chegar-se ao ponto em que o étimo "socialismo" foi deliberadamente confrontado com as incertezas trabalhadas pelo adversário, aí, tudo muda de figura. É verdade que não foi o pobre Seguro o único responsável por tal mixurafada. Mas foi ele, acaso por ignorância, acaso por tola ambição, quem transformou o PS num decalque do PSD, sem ninguém saber, realmente, o que é, hoje, o PSD, se alguma vez se soube.

D. JUAN


by Vicman

ATADO Y BIEN ATADO


A paixão medida

Trocaica te amei, com ternura dáctila 
e gesto espondeu.
Teus iambos aos meus com força entrelacei.
Em dia alcmânico, o instinto ropálico
rompeu, leonino,
a porta pentâmetra.
Gemido trilongo entre breves murmúrios.
E que mais, e que mais, no crepúsculo ecóico,
senão a quebrada lembrança
de latina, de grega, inumerável delícia?

terça-feira, 3 de junho de 2014

Vá-se lá saber porquê?

O que merece um governo chantagista?
Numa democracia normal mereceria ser chamado à responsabilidade, com este PR que temos, não prevejo nada de positivo!
Assim se vai vivendo numa República das bananas!

FOTOS MINHAS


photo: rogério barroso. Foto nº 1747 - castellers.

Frases de Fernando Pessoa

" Podemos vender nosso tempo, mas não podemos comprá-lo de volta."

The best of Tango with Astor Piazzolla, Nuevos Aires and Jorge Arduh Orc...

FOTOS DE AMIGOS


photo: madre deus barroso. Foto nº 1746 - orquídea.

Cântico dos cânticos

– Quem me busca a esta hora tardia? 
– Alguém que trenas de desejo.
– Sou teu vale, zéfiro, e aguardo
Teu hálito... A noite é tão fria!
– Meu hálito não, meu bafejo,
Meu calor, meu túrgido dardo.

– Quando por mais assegurada
Contra os golpes de Amor me tinha,
Eis que irrompes por mim deiscente...
– Cântico! Púrpura! Alvorada!
– Eis que me entras profundamente
Como um deus em sua morada!
– Como a espada em sua bainha.

Frases de Agostinho da Silva

Partido é uma parte: sê inteiro.” 

ETA


by  Artsenal