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quarta-feira, 25 de junho de 2014

A contenda no PS

A briga no PS pode ser críptica se confundirmos o seu significado. Que querem, um e outro, António Costa e António José Seguro? A briga é, apenas, mera e indecorosa questão do poder pelo poder ou, antes, um problema ideológico? Seguro fez um trajecto cauteloso e astuto no PS. Calou-se e colocou-se de atalaia, sem nunca manifestar opinião sobre os desenvolvimentos da política de José Sócrates. E saltou para a arena quando Sócrates foi cercado. Como têm dito dirigentes do PSD e comentadores de direita, como o Marcelo ou o Marques Mendes, ele é proveitoso às políticas de Passos Coelho. Os próprios resultados das eleições para a Europa provaram que o português médio fora prudente na decisão. A verdade é que António Costa, goste-se ou não do estilo e da oportunidade, provém de outro forno e traz consigo outra marca. As afirmações que tem produzido induzem-nos a pensar, acaso precipitadamente, estar disposto a reformular a estratégia "socialista" firmada por Seguro, e a estabelecer acordos e compromissos à esquerda.
Não acompanho a comoção dos que viram na simbologia do punho esquerdo cerrado e da reintrodução dos vocábulos "socialismo" e "classe operária" o regresso à pureza inicial do léxico "revolucionário". O PS é o que é e o que sempre foi. Precisa é de mais vergonha na cara e de escrúpulo e pudor no comportamento, ele, que se associou, durante anos seguidos, à direita no seu pior e mais execrável. Acontece um porém: na aparência, António Costa demonstra uma conduta ideológica que define um estilo e assinala uma diferença. Mas a política é uma comédia de enganos e já vi muito para ir atrás do banjo de qualquer suserano. Aguardo para conhecer as cartas.

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