Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Cambalachos

Não me regozijo com as detenções de alguns suspeitos de corrupção no caso dos vistos Gold. Nem me congratulo com a acção policial que os conduziu às prisões. As razões são antagónicas.
As origens, porém, confundem-se: a pátria está moralmente doente e, cada dia que surge, novos cambalachos abalam, não só a estrutura social, como amolgam a credibilidade das instituições. A decadência geral corrói os alicerces de que as nações se fundam. Os apontados como corruptos são prevaricadores de alta monta, embora haja piores, e andem à solta: basta terem dinheiro para pagar a liberdade; os segundos apenas cumpriram um dever – deter e interrogar os suspeitos.
As coisas ocorrem às ocultas e o que devia ser civicamente transparente é politicamente opaco e tenebroso. O caso das causas da legionella é significativo: as empresas responsáveis por uma desgraça que matou nove pessoas continuam numa impunidade indecorosa, embora os nomes e os factos sejam conhecidos. Enfim, e reafirmando a tese de que há duas justiças: uma para quem dispõe de posses largas; outra, para a arraia-miúda, o dr. Salgado, principal responsável pelo desabamento do Grupo Espírito Santo pagou três milhões de euros (ninharia para o peso das disponibilidades do cavalheiro) e vive impávido e sereno na belíssima vivenda que possui. Um pouco por todo o mundo, o cambalacho do Grupo conduziu ao desespero milhares de famílias que ficaram sem emprego e sem remissa. E há outros, bem entendido.

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