photo: rogério barroso. Foto nº 1813 - Peixes.
Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve
domingo, 27 de julho de 2014
Livro do Desassossego
Dormia tudo como se o universo fosse um erro; e o vento, flutuando incerto, era uma bandeira sem forma desfraldada sobre um quartel sem ser.
Esfarrapava-se coisa nenhuma no ar alto e forte, e os caixilhos das janelas sacudiam os vidros para que a extremidade se ouvisse. No fundo de tudo, calada, a noite era o túmulo de Deus (a alma sofria com pena de Deus).
E, de repente, — nova ordem das coisas universais agia sobre a cidade — o vento assobiava no intervalo do vento, e havia uma noção dormida de muitas agitações na altura. Depois a noite fechava-se como um alçapão, e um grande sossego fazia vontade de ter estado a dormir.
sábado, 26 de julho de 2014
Sexo/cama
Fui ordinária
requintada
tímida
Misturei poesia com vários palavrões
Gritei
Uivei
Gemi
Rasguei almofadas e lençóis
Fui carnaval de amor
no circo de uma cama.
tímida
Misturei poesia com vários palavrões
Gritei
Uivei
Gemi
Rasguei almofadas e lençóis
Fui carnaval de amor
no circo de uma cama.
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Livro do Desassossego
Do terraço deste café olho tremulamente para a vida. Pouco vejo dela — a espalhada — nesta sua concentração neste largo nítido e meu. Um marasmo, como um começo de bebedeira, elucida-me a alma de coisas. Decorre fora de mim nos passos dos que passam [...] a vida evidente e unânime.
Nesta hora os sentidos estagnaram-me e tudo me parece outra coisa — as minhas sensações um erro confuso e lúcido, abro asas mas não me movo, como um condor suposto.
Homem de ideais que sou, quem sabe se a minha maior aspiração não é realmente não passar de ocupar este lugar a esta mesa deste café?
quinta-feira, 24 de julho de 2014
Políticos reagem com críticas a detenção de Ricardo Salgado
Francisco Louçã reagiu à detenção, esta quinta-feira de manhã, de Ricardo Salgado, antigo presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES). Num comentário da página do Facebook estranha que só agora o banqueiro seja detido para investigações. “Curiosamente, só é detido depois de deixar de ser presidente do BES e de o grupo [GES] ter entrado em falência.”
O co-fundador do partido Bloco de Esquerda refere que já passaram quase dois anos do início do caso Monte Branco – uma operação que levou à detenção de várias pessoas envolvidas numa das maiores redes de evasão fiscal e de lavagem de dinheiro em Portugal. Desde essa altura que Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi começaram a ser investigados.
No livro “Os Burgueses”, Louçã denuncia “os esquemas de apoios políticos” que levam membros do Governo a, mais tarde ou mais cedo, fazerem parte da administração de algumas das empresas do grupo GES. “Diz tudo sobre o regime político e empresarial em Portugal”, nota Francisco Louçã.
Auto de fé
Não me arrependo dos amores que tive
dos corpos de mulher por quem passei
a todos fui fiel
a todos eu amei
Não me arrependo dos dias e das noites
em que o meu corpo herói ganhou batalhas
A um palmo do umbigo eu fui primeira
a divina
a deusa
a verdadeira mulher – sem rival.
Amei tantas mulheres de que nem sei o nome
eu só me lembro apenas
de abraços
de pernas
de beijos
e orgasmos
E no amor que dei
e no Amor que tive
eu fui toda mulher – fui vertical
Eu fui mulher em espanto
fui mulher em espasmo
fui o canto proibido e solitário
Só tenho um itinerário: Amor-Mulher.
a todos fui fiel
a todos eu amei
Não me arrependo dos dias e das noites
em que o meu corpo herói ganhou batalhas
A um palmo do umbigo eu fui primeira
a divina
a deusa
a verdadeira mulher – sem rival.
Amei tantas mulheres de que nem sei o nome
eu só me lembro apenas
de abraços
de pernas
de beijos
e orgasmos
E no amor que dei
e no Amor que tive
eu fui toda mulher – fui vertical
Eu fui mulher em espanto
fui mulher em espasmo
fui o canto proibido e solitário
Só tenho um itinerário: Amor-Mulher.
Livro do Desassossego
Que humano era o toque metálico dos elétricos! Que paisagem alegre a simples chuva na rua ressuscitada do abismo!
Oh, Lisboa, meu lar!
Oh, Lisboa, meu lar!
quarta-feira, 23 de julho de 2014
A sinistra relação das coisas
As coisas parecem indicar que, no próximo dia 23, a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), na cimeira de Timor, vai ter o seu requiem. Cabisbaixos e servis, os governos dos países que constituíam aquela vasta sociedade abandonaram os princípios, as normas e os valores morais dos fundadores e cederam aos grandes interesses dos negócios. As manobras de bastidores estavam, há anos, em movimento, e o que era uma ideia límpida e um conceito nítido de colaboração entre países de fala igual foi tripudiada friamente. A entrada da Guiné Equatorial, antiga colónia espanhola, cujos costumes, cultura, ideologia, política e comportamento são contrários, e até opostos, aos da comunidade, não é só absurda: possui as características de uma usurpação. Nem o facto de quem manda no país ser antidemocrático, ou ademocrático, como queiram, impediu o resto da comunidade de se opor ou sequer recalcitrar.
O capitalismo desconhece a história, as características, os padrões específicos das nações, nem isso está nos seus objectivos, mas tem de existir um contrapoder que permita a existência, simultânea, da soberania e do desenvolvimento económico, cultural e social. O que está em causa, com a inserção da Guiné Equatorial na CPLP é a imposição do axioma neoliberal, e dos abusos mais sintomáticos de uma violência sem paralelo nos nossos dias.
É lamentável que os países instituidores da comunidade não se tenham oposto a este enredo, que nada tem que ver com princípios de solidariedade e muito menos com relações de língua. De um modo mais simples, digamos que o capitalismo também neste caso sai vencedor, pela rendição, pela subserviência e pela nova categoria de negligência dos governos. Tem-se visto, um pouco por todo o mundo, a que conduz esta indiferença gelada, e às ameaças reais que pesam em todos. Parafraseando Sophia, nós sabemos, temos informações, assistimos ao caos, e não queremos assumir as responsabilidades de uma decisão.
Suçuarana
Ela
Se diz da beleza
se feminina
felina.
Da majestática leoa
à genérica gata
que amam
maltratam
arranham
matam
muitos falaram
Ou da tigresa
de exótica
beleza
a quem
comparar-te
seria um plágio
não uso e nem ouso
o ecológico e autoral
abuso
(Me diz o Saci que tigres nem são daqui)
E na beira do rio, num remanso de águas paradas, me ponho a pensar em
onças
pardas
negras
pintadas
igualmente
panteras
enciclopédicas
Depois em meus sonhos desfilam
linces
leopardos
jaguatiricas
e todos os tipos
de gatas
da indiana
à da mata
Enquanto meu incerto cérebro hesita na frenética procura da exata
analogia
entre
fera e poesia
São belas, altivas
todas cativam
minhas tresloucadas retinas
quando indiferentes
me olham
ao caminhar
indolentes
malemolentes
precisas
Até que a mais bela
das brasílicas feras
entra meu sonho
se deita ao meu lado
de mim toma conta
e brinca e
se enrola
comigo
e já não me engana
enquanto sussurra
Suçuarana
sexta-feira, 18 de julho de 2014
quinta-feira, 17 de julho de 2014
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Livro do Desassossego
Sou daquelas almas que as mulheres dizem que amam, e nunca reconhecem quando encontram; daquelas que, se elas as reconhecem mesmo assim não as reconheceriam. Sofro a delicadeza dos meu sentimentos com uma atenção desdenhosa. Tenho todas as qualidades, pelas quais são admirados os poetas românticos, mesmo aquela falta dessas qualidades, pela qual se é realmente poeta romântico. Encontro-me descrito,
(em parte), em vários romances como protagonista de vários enredos; mas o essencial da minha vida, como da minha alma, é não ser nunca protagonista.
Que fazer com Portugal?
A experiência e os indicadores demonstram que o conceito de democracia, tal como o sonhámos ou concebemos, foi substituído por outro paradigma. O "cansaço democrático" tem muito que ver com uma ideia de passadismo, com a perda do "objecto estimado" trocado pela pressa da ganância e pela ascensão precipitada e com escassos princípios de uma geração "da insignificância." A crise europeia dos partidos teria, inevitavelmente, de se reflectir, pelos motivos apontados, em Portugal e nas organizações políticas tradicionais.
O PS está cindido porque a própria natureza das suas estruturas, a ausência de uma ideologia "de esquerda", e o abandono das velhas bandeiras por dirigentes pouco ou nada interessados em combater o "sistema", conduziram a um estado cataléptico. O pobre António José Seguro tem dado uma ajuda a esta insalubridade, mas ele não é causa, é resultado, e manifesta módica fibra em alterar o que está. António Costa provém de outra leva, e a apreensão que provoca, na direita e adjacências, surge como uma espécie de pecado capital. O susto que tem causado é semelhante àquele que o PREC ateou nos esquemas tradicionais de poder. O que não é despiciendo, tendo em conta o amorfismo em que vivemos. Mas, tenham calma, as águas voltarão a estar quedas. Os sinais são esses.
O PSD, historicamente um aterrador saco de lacraus, está mais dividido do que aparenta. E a Dr.ª Manuela Ferreira Leite faz-nos, pontualmente, o diagnóstico da situação, e esclarece-nos, sem rebuço nem dubiedade, estarmos a ser governados por um bando de mentirosos e de ineptos sem perdão. Haja Deus e haja Freud!
Erótica
Viajo pelas galáxias
Num col(chão) voador
Sonho com grutas úmidas
Repletas de tesouros
Orvalho sobre musgo sobre pedra
Calma e cheiro de mato
Obeliscos!
Menino
(Re)nasce
De homem
Dentro
De mulher
Tudo é
(M)eu, abrangido
Pelo teu abrangente
Infinito
Sonho com grutas úmidas
Repletas de tesouros
Orvalho sobre musgo sobre pedra
Calma e cheiro de mato
Obeliscos!
Menino
(Re)nasce
De homem
Dentro
De mulher
Tudo é
(M)eu, abrangido
Pelo teu abrangente
Infinito
terça-feira, 15 de julho de 2014
Carta pluma
a uma carta pluma
só se responde
com alguma resposta nenhuma
algo assim como se a onda
não acabasse em espuma
assim algo como se amar
fosse mais do que a bruma
uma coisa assim complexa
como se um dia de chuva
fosse uma sombrinha aberta
como se, ai, como se,
de quantos se
se faz essa história
que se chama eu e você
com alguma resposta nenhuma
algo assim como se a onda
não acabasse em espuma
assim algo como se amar
fosse mais do que a bruma
uma coisa assim complexa
como se um dia de chuva
fosse uma sombrinha aberta
como se, ai, como se,
de quantos se
se faz essa história
que se chama eu e você
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Poema da buceta cabeluda
A buceta da minha amada
tem pêlos barrocos,
lúdicos, profanos.
É faminta
como o polígono-das-secas
e cheia de ritmos
como o recôncavo-baiano.
A buceta da minha amada
é cabeluda
como um tapete persa.
É um buraco-negro
bem no meio do púbis
do Universo.
A buceta da minha amada
é cabeluda,
misteriosa, sonâmbula.
É bela como uma letra grega:
é o alfa-e-ômega dos meus segredos,
é um delta ardente sob os meus dedos
e na minha língua
é lambda.
A buceta da minha amada
é um tesouro
é o Tosão de Ouro
é um tesão.
É cabeluda, e cabe, linda,
em minha mão.
A buceta da minha amada
me aperta dentro, de um tal jeito
que quase me morde;
e só não é mais cabeluda
do que as coisas que ela geme
quando a gente fode.
lúdicos, profanos.
É faminta
como o polígono-das-secas
e cheia de ritmos
como o recôncavo-baiano.
A buceta da minha amada
é cabeluda
como um tapete persa.
É um buraco-negro
bem no meio do púbis
do Universo.
A buceta da minha amada
é cabeluda,
misteriosa, sonâmbula.
É bela como uma letra grega:
é o alfa-e-ômega dos meus segredos,
é um delta ardente sob os meus dedos
e na minha língua
é lambda.
A buceta da minha amada
é um tesouro
é o Tosão de Ouro
é um tesão.
É cabeluda, e cabe, linda,
em minha mão.
A buceta da minha amada
me aperta dentro, de um tal jeito
que quase me morde;
e só não é mais cabeluda
do que as coisas que ela geme
quando a gente fode.
domingo, 13 de julho de 2014
Olhos cor de mel
(Para os olhos de Ana Beatriz)
Teus olhos cor de mel
Brilhando de luz delicada
Senti teu desejo por mim
Provei dos teus lábios
Sabor de pecado e prazer
Devagar fui te descobrindo
Na maciez de tua pele
Passeei por seus belos seios
Senti tuas coxas e pernas
De encontro às minhas
Com carícias tensas
Aos poucos fui te descobrindo
Teu sexo úmido procurado
Por meu sexo duro de desejo
E no abismo entre tuas coxas
Quente a deslizar enfiei
Minha lança dura de prazer
Gemias sob os beijos gemias
E a me espremer ias mexendo
Quadris e sexo em ritmo lento
Minha lança agora prisioneira
O gozo pleno, veio em ondas
Senti teu grito no meu sexo
Explodi em jorros de prazer
Inundando tuas entranhas
Eu esvaído em gozo lá no fundo
Meu doce leite inundava
Tua fenda rósea, escorrendo-te
Entre as coxas, branco sêmen.
Livro do Desassossego
De modo que tudo o que angustia vejo. E tudo o que alegra não sinto. E reparei que o mal mais se vê que se sente, a alegria mais se sente do que se vê. Porque não pensando, não vendo, certo contentamento adquire-se, como o dos místicos [?] e dos boêmios e dos canalhas. Mas tudo afinal entra [em] casa pela janela da observação e pela porta do pensamento.
sábado, 12 de julho de 2014
Nossos corpos
Nossos corpos
se cruzam e descruzam
como serpentes
cálidas
se enroscam
e se apertam
atarracham
num crescendo
sem limite.
Há gemidos delirantes
há percussões arrítmicas
respirações ofegantes
empastadas em suor
até ao êxtase
e ao torpor.
Não há discurso
erótico
que resista
à mudez
desta nudez
tumultuosamente
sinfónica.
como serpentes
cálidas
se enroscam
e se apertam
atarracham
num crescendo
sem limite.
Há gemidos delirantes
há percussões arrítmicas
respirações ofegantes
empastadas em suor
até ao êxtase
e ao torpor.
Não há discurso
erótico
que resista
à mudez
desta nudez
tumultuosamente
sinfónica.
sexta-feira, 11 de julho de 2014
Israel mata en Gaza a ocho miembros de una misma familia, entre ellos cinco niños
Hospital de Al-Nayar, en Rafah, 9 julio 2014 (Foto AFP- Said Khatib)
Israel ha seguido adelante con su intensa ofensiva aérea sobre Gaza por tercer día consecutivo, asesinando a ocho miembros de una misma familia, entre ellos cinco niños, en un ataque lanzado antes del alba, según manifestaron las autoridades palestinas. El ejército israelí no ha hecho comentarios inmediatos sobre ese ataque, el más mortífero desde que en la madrugada del martes se inició la ofensiva. El ataque destruyó al menos dos hogares en Jan Yunis, al sur de Gaza, cuando los vecinos dormían, matando a ocho personas, según declaraciones del ministerio palestino de sanidad.
Desde el comienzo de la operación militar israelí, han muerto ya asesinados 75 palestinos, de ellos más de 50 son civiles, según fuentes del ministerio de sanidad.
Israel dice que su ofensiva trata de detener los lanzamientos de mortero contra sus ciudades desde la Franja de Gaza, desde donde alegan se han disparado más de 200 cohetes durante la actual campaña.
Los cohetes no han causado ninguna víctima de gravedad en Israel. El sistema de misiles Cúpula de Hierro interceptó algunos de los mismos, mientras que otros se estrellaron sobre el terreno sin causar daños ni víctimas, según informaciones de los medios de comunicación israelíes.
El ala armada de Hamas dijo que había lanzado seis cohetes hacia la Palestina ocupada a primera hora del jueves. También se ha informado de enfrentamientos en el mar; militantes palestinos de Gaza dijeron que habían lanzado morteros y cohetes contra las cañoneras israelíes que disparaban contra el territorio costero.
Los palestinos dijeron que Israel había alcanzado en su ofensiva a más de 120 hogares. También resultaron dañados durante la última madrugada varios edificios del gobierno de Gaza. El ejército israelí afirmó el miércoles que había bombardeado 750 lugares en Gaza –sólo el miércoles 326-, incluyendo 60 lanzadores de cohetes y once hogares de altos miembros de Hamas. Describió esas viviendas como centros de mando.
El Secretario General de las Naciones Unidas Ban Ki-moon va a dirigirse en el día de hoy al Consejo de Seguridad de la ONU para tratar de abordar la peor oleada de violencia entre Israel y Palestina desde la guerra de ocho días de 2012. Describió la situación de “preocupante y volátil”. Y añadió: “Gaza se halla al filo de la navaja. El deterioro de la situación está dando lugar a una espiral que podría rápidamente escapar de todo control. El riesgo de que la violencia se extienda es muy real. Gaza, y toda la región en su conjunto, no pueden permitirse otra guerra a gran escala”.
ABC erótico
Abre-te!
Beija-me!
Cobre-me!
Amar-te é volúpia
Brincar é malicia
Carícia é pingo de mel.
Ai!
Basta!
Cala-te!
Abraço-te, queres?
Belisco-te, gostas?
Colo-me a ti, einh?
Ah!
Biscoito
Crocante!
Às nuvens subi
Bebendo o teu néctar
Crescendo-me em ti!
Ata-me!
Bebe-me!
Come-me!
Agora imparável
Brutalmente bom
Cada vez melhor!
Cobre-me!
Amar-te é volúpia
Brincar é malicia
Carícia é pingo de mel.
Ai!
Basta!
Cala-te!
Abraço-te, queres?
Belisco-te, gostas?
Colo-me a ti, einh?
Ah!
Biscoito
Crocante!
Às nuvens subi
Bebendo o teu néctar
Crescendo-me em ti!
Ata-me!
Bebe-me!
Come-me!
Agora imparável
Brutalmente bom
Cada vez melhor!
quinta-feira, 10 de julho de 2014
Livro do Desassossego
Entonteço. Os bancos do elétrico, de um entre-tecido de palha forte e pequena, levam-me a regiões, distantes, multiplicam-se-me em indústrias, operários, casas de operários, vidas, realidades, tudo.
Cio
Frenético
ofegante
me contorço
na ânsia duma explosão
orgásmica.
Dói-me tudo
e o calor abrasa.
Lambo o suor
que me banha
e escorre
de cada poro aberto.
Puxo os cabelos
enraivecido.
Reteso a musculatura
em erecção.
Rebolo pelo chão
dentes cerrados.
Arrasto-me no lodo
mas não desisto.
Conseguirei.
Conseguirei
ainda que me rasgue todo!
me contorço
na ânsia duma explosão
orgásmica.
Dói-me tudo
e o calor abrasa.
Lambo o suor
que me banha
e escorre
de cada poro aberto.
Puxo os cabelos
enraivecido.
Reteso a musculatura
em erecção.
Rebolo pelo chão
dentes cerrados.
Arrasto-me no lodo
mas não desisto.
Conseguirei.
Conseguirei
ainda que me rasgue todo!
quarta-feira, 9 de julho de 2014
Vá-se lá saber porquê?
O que é mais humilhante? Uma equipa que perde por sete a um, ou milhões de cidadãos que vivem abaixo do limiar da pobreza, sem direito à habitação, saúde, emprego?
Foi só um jogo, nada mais!
Acorda Brasil!
Foi só um jogo, nada mais!
Acorda Brasil!
A dignidade e a decência
O dr. Cavaco e o dr. Passos ignoraram, com ostensivo desagrado, o Grammy atribuído a Carlos do Carmo. O País regozijou-se com o prémio ao grande cantor, na alegria de quem vê recompensado um dos seus. As acções ficam com quem as pratica, e envolvem, habitualmente, a pessoa individual. Porém, neste caso, atingem as instituições que aqueles dois senhoritos transitoriamente representam. O dr. Cavaco e o dr. Passos, em si mesmos, são irrelevantes: mas as duas presidências, a da República e a do Conselho de Ministros, não o são. Corporizam o Estado e as normas que o constituem. Carlos do Carmo tem criticado, com a veemência que lhe assiste, mas com a elegância que o qualifica, a acção daqueles que tais. Sentiram-se atingidos, pessoalmente, mas não o foram, institucionalmente, reagindo, rancorosos e minúsculos, com a birra da omissão. Não é, apenas, feio: o acto é odioso porque revela a dimensão do carácter medíocre de duas pessoas, infensas à crítica e demasiado cheias de si próprias para sequer admitirem os reparos de quem tem por dever assumir a cidadania.
A dignidade das funções exigiria, de qualquer dos que tais, um sinal de grandeza; e a decência, constante na ética, imporia um assomo de civilidade. Nesta triste omissão reside um vestígio de autoritarismo insuportável. Autoritarismo, aliás, frequentemente demonstrado por ambos os comparsas. O dr. Cavaco excomunga quem não afine pelo seu diapasão, caso, entre demais, da perseguição sórdida a José Saramago; e o dr. Passos expurga quem o afronte: neste assunto, o dr. António Capucho. Mas há mais: a lista das exclusões praticadas pela parelha, além das morais, é de molde a deixar com espasmos no esófago o mais desentendido de todos nós.
Andava a lua nos céus
Andava a lua nos céus
Com o seu bando de estrelas
Na minha alcova
Ardiam velas
Em candelabros de bronze
Pelo chão em desalinho
Os veludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho
Ele, olhava-me cismando;
E eu,
Plácidamente, fumava,
Vendo a lua branca e nua
Que pelos céus caminhava.
Aproximou-se; e em delírio
Procurou avidamente
E avidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou.
Arrastou-me para ele,
E encostado ao meu hombro
Falou-me de um pagem loiro
Que morrera de saudade
À beira-mar, a cantar...
Olhei o céu!
Agora, a lua, fugia,
Entre nuvens que tornavam
A inda noite sombria.
Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento
Vinha longe a madrugada.
Por fim,
Largando esse corpo
Que adormecera cansado
E que eu beijara, loucamente,
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente
Bebia vinha..., até cair.
Na minha alcova
Ardiam velas
Em candelabros de bronze
Pelo chão em desalinho
Os veludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho
Ele, olhava-me cismando;
E eu,
Plácidamente, fumava,
Vendo a lua branca e nua
Que pelos céus caminhava.
Aproximou-se; e em delírio
Procurou avidamente
E avidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou.
Arrastou-me para ele,
E encostado ao meu hombro
Falou-me de um pagem loiro
Que morrera de saudade
À beira-mar, a cantar...
Olhei o céu!
Agora, a lua, fugia,
Entre nuvens que tornavam
A inda noite sombria.
Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento
Vinha longe a madrugada.
Por fim,
Largando esse corpo
Que adormecera cansado
E que eu beijara, loucamente,
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente
Bebia vinha..., até cair.
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Livro do Desassossego
A vida é um novelo que alguém emaranhou. Há um sentido nela, se estiver desenrolada e posta ao comprido, ou enrolada bem. Mas, tal como está, é um problema sem novelo próprio, um embrulhar-se sem onde.
Beijemo-nos, apenas...
Não. Beijemo-nos, apenas,
Nesta agonia da tarde.
Guarda
Para um momento melhor
Teu viril corpo trigueiro.
O meu desejo não arde;
E a convivência contigo
Modificou-me - sou outro...
A névoa da noite cai.
Já mal distingo a cor fulva
Dosa teus cabelos - És lindo!
A morte,
devia ser
Uma vaga fantasia!
Dá-me o teu braço: - não ponhas
Esse desmaio na voz.
Sim, beijemo-nos apenas,
Que mais precisamos nós?
Guarda
Para um momento melhor
Teu viril corpo trigueiro.
O meu desejo não arde;
E a convivência contigo
Modificou-me - sou outro...
A névoa da noite cai.
Já mal distingo a cor fulva
Dosa teus cabelos - És lindo!
A morte,
devia ser
Uma vaga fantasia!
Dá-me o teu braço: - não ponhas
Esse desmaio na voz.
Sim, beijemo-nos apenas,
Que mais precisamos nós?
sexta-feira, 4 de julho de 2014
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