Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O mentiroso

Pouco há a fazer senão demonstrarmos a nossa indignada repulsa. O homem é um mentiroso compulsivo. Há dois anos ameaçou-nos com o empobrecimento, "única alternativa", dizia, à soberba que de nós se apossara para vivermos "acima das nossas possibilidades." Íamos, pois ficar mais pobres do que temos sido. Depois, como a Fénix que renasce das cinzas, gozaríamos de um cintilante futuro. O rol de miséria que se seguiu causou-nos infortúnios e desditas sem nome. Agora, o mesmo homem, possuído de amnésia contumaz, veio afirmar que nenhum político seria capaz de afirmar tal destino. A SIC, pressurosa e cheia de zelo informativo, foi aos arquivos e retransmitiu a primeira e a segunda mensagens. Acaso para avivar a lembrança do desmemoriado ou, simplesmente, para reforçar o que dele sabemos: transformou a mentira numa banalidade.
O pior de tudo é que não nos podemos esconder nem fugir deste homem. Ele está em todo o lado, com rostos diversos e múltiplos, a mesma voz enfática, a mesma mentira travestida, as mesmas maneiras afáveis e frias. Mentir a nós, que temos cama, mesa e roupa lavada asseguradas, é o menos. Mentir aos desempregados, aos velhos, aos miúdos famintos nas escolas, aos moços e moças que não sabem o que fazer porque lhes foi tirada a mais ínfima parcela de sonho - essa, sim, é uma mentira monstruosa, a merecer todas as maldições, os maiores dos desprezos, a mais vil de todas as execrações.

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