A imponente manifestação de Paris contra o terrorismo e a barbárie representa não só uma invulgar presença popular como uma instância ética que delimitou os campos e não misturou a história. Se eu pudesse estar lá, colocava-me na imensa mole dos que protestam com justa causa, sem os enfeites pérfidos que as circunstâncias talvez imponham, mas nunca justificam ou amenizam. Esclareçamo-nos: na primeira fila, compungidos, alinhavam-se chefes de Estado e de governo responsáveis ou cúmplices directos das maiores atrocidades da nossa época. A demonstração cívica resulta de um sentimento generalizado dos povos contra a selvajaria de que o terrorismo é uma face. Mas a responsabilidade oculta-se em muitos desses senhores, praticantes ou executantes do terrorismo de Estado, cuja falsidade é maquilhada pela compunção momentânea, aposta nas faces mentirosas, para a fotografia e para as câmaras de filmar.
Sem comentários:
Enviar um comentário