foto: rogério barroso
A minha casa é concha. Como os bichos 
Segreguei-a de mim com paciência: 
Fechada de marés, a sonhos e a lixos, 
O horto e os muros só areia e ausência. 
Minha casa sou eu e os meus caprichos. 
O orgulho carregado de inocência 
Se às vezes dá uma varanda, vence-a 
O sal que os santos esboroou nos nichos. 
E telhadosa de vidro, e escadarias 
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso! 
Lareira aberta pelo vento, as salas frias. 
A minha casa... Mas é outra a história: 
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço, 
Sentado numa pedra de memória.
 | 
Vitorino Nemésio
Sem comentários:
Enviar um comentário