Apontamentos,
 diário, cartas e bilhetes, desenhos, fragmentos dos dias de prisão 
(Luanda e Tarrafal, 1962-1972). Emocionantes pequenas notas, servidas em
 cálices luminosos
Luandino Vieira 
(nome real: José Mateus da Graça) vivia em Luanda numa casa que 
partilhava com Adolfo Maria, na Rua dos Enganos, travessa que ia dar a 
um largo com a estátua duma guerreira. O monumento celebrava os combates
 da I Guerra Mundial que tinham garantido, contra os alemães, a 
fronteira sul de Angola. Os luandenses chamavam Maria da Fonte ao largo e
 os mais velhos sabiam que houve ali uma lagoa de kiandas, sereias. Num 
dia de 1959, os tempos modernos entraram pelo n.º 1 da Rua dos Enganos: o
 inspetor da PIDE Francisco Lontrão prendeu os jovens, tinham ambos 24 
anos, meteu-os no Processo dos 50, miríade de grupinhos que faziam 
panfletos nacionalistas. 
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