Muros

                                               Foto: Rogério Barroso - Barceloneta.

Ultimamente tem-se falado muito sobre muros. Estes sempre existiram e, jamais deuxarão de existir.
O muro existe precisamente para que sirva de divisa entre espaços. Ao passear antesdontem pela Barceloneta, junto ao Port Vell, fixei uma imagem que me chamou a atenção , não que ainda a não tivesse presenciado, sempre que visito Barcelona e, já lá vão 12 anos, precisamente os anos em que as minhas abandonaram o país, para aqui residirem e, trabalharem.
Talvez estivesse mais sensível, à medida que os anos passam, tomo atenção a pormenores que, não sendo novos, nem novidade, merecem da minha parte uma maior sensibilidade.
Ao olhar para uns artigos que se encontravam expostos no chão para venda, reparei num muro composto por barras  cilíndricas metálicas que vedam o passeio Joan de Borbón , do Port Vell.
Do lado de lá imensos iates de gente endinheirada, gente a quem nada lhes falta, sentados ao sol, bebendo champanhe e, quem sabe, comendo caviar,
No outro lado, emigrantes que arriscaram a vida ao abandonarem os seus países de África, vendendo material na sua aloira contrafacionado, tentando ganhar a vida que, lhes permitam viver com alguma dignidade.
A dicotomia dos muito ricos que têm tudo e, a dos muito pobres que nada têm, choca-me, por persentir que este mundo cruel cada vez mais tem a necessidade de construir muros para esconder as desigualdades existentes.
Desde pequeno que odeio muros. Os meus pais moravam num bairro, onde a sua casa onde viviam estava rodeada de muros, lateralmente para os quintais dos vizinhos e, na parte traseira , para um campo agrícola. Os muros tinham cerca de 1,80 m de altura, para mim uma imensidão, pareciam arranha-céus, intransponíveis que, me impediam que os transpusesse , sempre que o desejasse.
A fronteira para a minha liberdade  de criança!
Vem de longe a minha aversão a todo o tipo de muros!