A língua tem destas ironias: como a de dar o mesmo nome ao lençol que
envolve um cadáver ou à tira de papel fino que embrulha o tabaco num
cigarro. Há 75 anos, em plena guerra mundial, foi em mortalhas que se
escreveu um dos textos inspiradores da paz e da União Europeia. Detidos
na antiga cadeia italiana de alta segurança, no arquipélago de
Ventotene, dois antifascistas redigiram um manifesto clandestino que
clamava por uma Europa onde os países se unissem em estados federativos,
como meio de evitar guerras no futuro. Escrito em papéis de cigarro, o
Manifesto de Ventotene haveria de chegar à resistência italiana e daí
aos movimentos aliados, como sinal de esperança.
Sem comentários:
Enviar um comentário