Reza
 a história que 
Immanuel Kant, perdido de entusiasmo ao saber dos 
acontecimentos de Paris, se atrasou pela primeira e única vez para o seu
 passeio diário das 18 horas.
 
Neste
 14 de julho de 2016, os portugueses ainda estão igualmente eletrizados 
pela conquista aos gauleses. A diferença é que dificilmente poderão 
esquecer ou atrasar a resolução dos problemas que têm pela frente.
Para
 isso, e como diz o nosso comandante-em-chefe Fernando Santos, 
parafraseando Jesus Cristo, há que ser "simples como as pombas e 
prudentes como as serpentes".
Simples como as pombas:
-
 percebendo que não há alternativa a não ser defender, em Bruxelas, a 
uma só voz o voto de confiança a que os portugueses têm direito pelo 
esforço feito para reequilibrar as suas contas e tornar um pouco mais 
competitivo o seu sistema produtivo e a sua administração pública;
-
 assumindo que o plano B, as medidas retificativas ou que quer que se 
lhes chame, não são forçosamente derrotas que têm de se evitar a todo os
 custo mas tão-só ajustamentos que qualquer economia pode exigir e/ ou 
justificar;
- que acima de tudo isto, 
devia estar em curso um debate permanente sobre formas de reanimar e 
enriquecer a nossa economia e os nossos níveis de emprego; suspeito que 
seriam temas mais úteis para a reflexão "contínua" que o presidente da 
República pede ao Conselho de Estado;
Prudentes como as serpentes:
- no esforço diplomático com os vários centros de decisão europeus;
- na mobilização dos nossos parceiros geográficos , ibéricos e europeus do sul;
- no contrapeso permanente com os nossos parceiros do Atlântico Norte - porque não ouvimos falar a sério do TTIP?
-
 na magistratura de influência, diplomática, política e técnica, 
especialmente com Angola e o Brasil, tentando minorar o impacto das 
dificuldades que atingem as nossas comunidades e condicionam as nossas 
exportações;
- na leitura intransigente
 dos níveis de eficácia que, a cada momento, nos podem trazer as 
soluções governativas que escolhemos; como vimos, na nossa mais recente 
"tomada da Bastilha" alterar o modelo de jogo, mesmo que a meio do 
desafio, pode ser uma boa solução.
Portugal
 não pode viver sob o comando de um treinador. Na vida das nações é 
sempre o coletivo que se organiza, que ataca e que remata. Mas pode 
perceber pela glória que acaba de alcançar, como é possível e eficaz a 
convicção de que juntos fazemos mais e melhor. Aos líderes pede-se 
apenas que deem o exemplo.