Footprints - Praia do Castelejo, Vila do Bispo, Algarve

quarta-feira, 4 de março de 2015

O dislate


António Costa chegou, falou e disse. E causou intenso burburinho entre socialistas, afins e mais ou menos, ao afirmar que estávamos melhor do que há quatro anos. A afirmação foi produzida ante uma assembleia de chineses, que, sorridentes e obsequiosos, não perceberam nada das palavras de Costa. A direita, toda a direita, sobretudo a mais tola, rejubilou. Exasperado, Alfredo Barroso, que nunca tropeçou no adjectivo, invectivou a «canalha» que está no poder no PS e «desvinculou-se» do partido que ajudou a fundar. Paulo Portas, cheio de volúpia no olhar, proclamou a seriedade de Costa e o seu patriotismo imarcescível que o impediam de dizer mal do país numa reunião com estrangeiros. Não há notícia de que foram trocados beijos por tão comovente depoimento e suas repercussões. Não se trata, aqui, de discutir o mérito ou o demérito da asserção. Trata-se, isso sim, de dizer que António Costa mentiu com fragor. Portugal, desde que estes súcias e peralvilhos treparam ao mando, perdeu população, perdeu trabalhadores, perdeu uma geração de moços, perdeu bens e cuidados, perdeu onde dormir, onde viver e onde respirar sem medo – e, sobretudo, perdeu o sentido de pátria, que constitui a substância com que se constroem as nações. Portugal é, hoje, um crisol de dor, de sofrimento, de desespero e de infortúnio. Um lugar de exílio, para recordar um grande poema de um grande poeta e um saudoso amigo: Daniel Filipe.


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