O talento para acabar em beleza é uma arte
de quem suspeita que, pelo fim, deve fazer bem melhor do que fez no
passado ou fazer tudo o que não conseguiu criar, cumprir ou acabar. Um
sortilégio de brio e boa ventura, a marca de água no "photo-finish", o
fechar da porta que deixa a sala respirar. O último ano do segundo
mandato de um presidente pode ser à porta fechada ou ancorado na
perspectiva de fechar a porta. Faz toda a diferença. Aqueles presidentes
que abdicam de um passeio até à coroação semimonárquica, aqueles que
aproveitam o derradeiro suspiro para deixar obra ao invés de enviar
cupões de aspiração ao pleno para a memória colectiva são os que não
querem ser amados pela ausência, mas sim guardados pelas melhores
razões. São esses os presidentes que, normalmente, reservam viagem para o
futuro.
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