A liberdade fundadora do constitucionalismo, do estado de
direito e das democracias modernas, é a liberdade de expressão. Contudo,
a luta que vai convulsionar o antigo regime e promover as profundas
transformações sociais, económicas e políticas de que resultou a
modernidade, é a luta pela liberdade religiosa. Esta tornou-se um dado
matricial da nossa contemporaneidade. A salvação e a graça são dons
essencialmente irredutíveis a qualquer esforço de ponderação racional e
nisso consiste, essencialmente, a força da fé religiosa. A força de
todos os credos - mesmo daqueles que dispensam a divindade - mas
sobretudo das religiões monoteístas que se tornariam hegemónicas no
ocidente europeu envolvido numa guerra civil milenar contra as
heterodoxias e lançado depois, a partir de São Luís, nas cruzadas contra
o islão, para de novo se dilacerar internamente na cisão da
cristandade, quando Lutero desafia a autoridade de Roma.
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