Henrique Raposo tem uma notável obra que o destaca acima dos plebeus que vai
pastoreando pacientemente. Não é ciência, não é livro, não é cinema; não
é ensaio, não é pensamento, não é política; não é um cargo público nem é
cargo privado; não é ser deputado nem ser administrador, financeiro ou
empresário; não é ter sido eleito ou sequer candidato. A obra é crónica,
senhores e senhoras, é crónica. Mas, como é crónica e só crónica, tem
que épater les bourgeois, tem que chocar, deslumbrar e brilhar,
tem que buscar a palavra mágica, a frase rotunda, o título iluminado, a
bengalada feroz. Quem faz assim pela vida tem destas preocupações,
porque se resume a desenhar alvos e a bombardear. Não tem mais nada para
apresentar.
Por isso, tenho pena, muita pena de Henrique Raposo, pois quando lhe
falta assunto só lhe resta falar de si próprio. E que tristeza que isso
é.
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