O sistema é essa palavra vaga, mas total, onde tudo se insere e legitima 
quando é necessário justificar o que escapa à compreensão racional da 
ordem democrática. O sistema é difuso e omnipresente como o poder. 
Quando interrogado, o sistema surge como máquina divina cujo alcance, de
 tão vasto e complexo, os mortais não podem pretender dominar e assim 
emerge o tapete grande para onde pode ser varrido todo o lixo, quando a 
transparência, própria de uma decisão política fundamentada, deixa de 
existir.
Os offshore são o 
ponto exacerbado da caixa negra do sistema; digamos mesmo, o centro 
motor, ou coração que irriga o sangue que o alimenta: o dinheiro. A sua 
configuração é o paradigma do próprio sistema: as margens de legalidade 
consentida fundem-se com a ilegalidade e o dinheiro limpo ou 
recém-lavado ajuda a branquear o sujo de modo que tudo se neutraliza no 
balde sem fundo do aparelho financeiro, anónimo e global.
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